O Instituto Islâmico Estatal de Ambon (IAIN), uma universidade da província de Maluku, na Indonésia, encerrou as atividades de uma revista que denunciou dezenas de episódios de abuso sexual no campus, ocorridos entre os anos de 2015 e 2021. As informações são da ONG Human Rights Watch (HRW).
A publicação, intitulada Lintas, é fruto de um trabalho que levou cinco anos. Através da investigação, que inclui entrevistas com 32 vítimas, sendo 27 mulheres e cinco homens, foi possível identificar 14 supostos autores de crimes de violência sexual.
Entre os casos relatados, há episódios que ocorreram dentro do campus, em escritórios ou casas de professores e em viagens de pesquisa coordenadas pela universidade.
Em um dos episódios, um palestrante teria exigido à vítima que apagasse do celular uma série de mensagens com conteúdo sexual. Quando a revista estava sendo editada, cinco pessoas que se identificaram como parentes do agressor foram à redação e agrediram um repórter e um designer.
O fechamento da revista aconteceu cinco dias após as agressões na redação, sob o argumento de que a publicação estava “difamando” a instituição de ensino. Nove jornalistas foram denunciados à polícia.
A editora-chefe Yolanda Agne recebeu ordens para revelar os nomes das vítimas, que a revista mantém em sigilo por questões de segurança. Ela se recusou e ainda exigiu da universidade a criação de uma força-tarefa para investigar os casos, como determina um regulamento de 2019 do Ministério de Assuntos Religiosos, responsável por escolas e universidades islâmicas no país. Isso ainda não foi feito.
“O ministro de Assuntos Religiosos do governo, Yaqut Cholil Qoumas, deve adotar uma abordagem prática para resolver esse impasse”, diz a HRW. “Ele deve ordenar a reabertura da redação da Lintas e trabalhar com outras agências estaduais para garantir uma investigação imparcial e abrangente das supostas agressões sexuais”.
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