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quarta-feira, 20 de julho de 2022

Caricatura de Putin com referência LGBT gera protesto da Embaixada russa na Suíça

Uma caricatura do presidente russo Vladimir Putin, reproduzida no início deste mês pelo jornal suíço Neue Zürcher Zeitung, levou a um protesto da Embaixada da Rússia na Suíça, que inclusive ameaçou adotar ações legais contra o periódico. As informações são do site The Art Newspaper.

A matéria, intitulada em alemão “Super-heróis e vilões: o poder dos memes na guerra da Ucrânia”, exibe o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky como herói, em uniforme que remete ao do Capitão América. Já o rival surge com nariz de palhaço e pintura facial nas cores do arco-íris, uma referência ao movimento LGBT. A imagem circulou recentemente nas redes sociais, viralizou com a hashtag #PutinWarCriminal (Putin criminoso de guerra, em tradução literal) e foi reproduzida pelo jornal.

Para Moscou, no entanto, a simples republicação da caricatura é ofensiva, o que levou a diplomacia russa a questionar o editor-chefe Eric Gujer. “Estamos extremamente indignados com a publicação de um desenho ofensivo retratando o presidente russo Vladimir Putin”, diz carta direcionada ao jornalista e publicada no site da Embaixada no sábado (16).

Jornal suíço compara o “herói” Zelensky ao “vilão” Putin (Foto: reprodução)

Ao comentar o nariz de palhaço, a carta ironiza o líder ucraniano, que ganhou fama fazendo esquetes cômicas antes de ser eleito. “Se estamos falando de palhaçada, seria muito mais apropriado abordar esse tema no contexto do passado recente do ex-comediante ucraniano V. Zelensky”, diz o texto, segundo o jornal New York Post.

Entretanto, a manifestação da Embaixada coloca em segundo plano o nariz de palhaço e deixa claro que o maior incômodo é a referência ao movimento LGBT, alvo de forte repressão na Rússia. Por lá, uma lei de 2013 pune os acusados de promover o que texto legal classifica como “relações sexuais não tradicionais”. Vale somente para casos em que o réu tenha como alvo menores de idade.

Nos últimos dias, porém, legisladores russos passaram a debater uma mudança na legislação a fim de punir também os casos em que adultos sejam o alvo da “propaganda gay“. Se o projeto for aprovado pelo Legislativo, qualquer debate que faça referência à homossexualidade pode resultar em multa.

Ao criticar a caricatura, o órgão diplomático afirma que Putin é “uma pessoa ortodoxa profundamente religiosa e defende a preservação dos valores cristãos tradicionais na sociedade russa”. Admite ainda que “ele claramente não é fã da comunidade LGBT” e questiona também a hashtag, dizendo que a expressão criminoso de guerra é um “insulto direto infundado”.

Por fim, a carta ameaça apelar às autoridades para resolver a questão. Diz que “a liberdade de expressão não é de forma alguma compatível com a liberdade de espalhar insultos e falsidades” e que a Rússia “se reserva o direito de recorrer às agências de segurança da Suíça”.

Os mortos de Putin

Desde que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com inúmeros eventos, que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia.

Na conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso, ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a invasão à Ucrânia que colocou o mundo em alerta.

A Referência organizou alguns dos principais incidentes associados ao líder russo. Relembre os casos.

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