Um novo relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) revela que cerca de 700 pessoas foram mortas e mais de 1,4 mil ficaram feridas desde que o Taleban tomou o poder no Afeganistão, no dia 15 de agosto de 2021. No entanto, a segurança melhorou em termos gerais nos dez meses até julho deste ano, segundo a Unama (Missão das Nações Unidas no Afeganistão).
A publicação destaca que a situação de mulheres e meninas se tornou precária no período em análise. O grupo foi privado de muitos de seus direitos sob o governo talibã. O documento publicado esta quarta-feira (20) destaca que esse tem sido um dos aspectos mais notáveis da atual administração afegã.
A limitação desses direitos compromete a plena participação feminina na educação, nos locais de trabalho e em outros aspectos da vida pública e cotidiana. Em vários casos, tais garantias foram completamente retiradas.
O vice-representante especial do secretário-geral da ONU para o Afeganistão, Markus Potzel, disse que “já passa da hora de todos os afegãos poderem viver em paz e reconstruir suas vidas após 20 anos de conflito armado”. E afirma que, apesar da melhoria da situação de segurança, os afegãos, em particular mulheres e meninas, “são privados do pleno gozo de seus direitos humanos”.
Para a ONU, a decisão de não permitir que meninas retornem ao ensino médio impede uma geração de completar seus 12 anos de educação básica.
Potzel destaca que a educação e a participação de mulheres e meninas na vida pública são fundamentais para qualquer sociedade moderna. Relegar mulheres e meninas somente ao lar “nega o benefício das contribuições significativas que elas têm a oferecer ao país”, ressalta o representante, assinalando que a educação para todos “não é apenas um direito humano básico, mas a chave para o progresso e o desenvolvimento de uma nação”.
Violência
Além de fazer referência aos direitos de mulheres e meninas, a análise cobre temas como proteção de civis, execuções extrajudiciais, tortura, maus-tratos, prisões, detenções arbitrárias, liberdades fundamentais e situação nos locais de detenção.
A maioria das 2.106 vítimas civis no país no período coberto pelo relatório registrou-se em ataques do autoproclamado Estado Islâmico-Khorasan (EI-K). Os alvos das ações foram comunidades étnicas minoritárias e religiosas que foram atingidas em locais como escolas e áreas de culto.
O relatório inclui recomendações para as autoridades de fato, destacando a necessidade de aumentar a segurança em locais que têm sofrido mais ataques.
A Unama pede o fim de abusos contra integrantes do anterior governo e que sejam evitados atos ilegais ou procedimentos extrajudiciais, incluindo a tortura. O estudo solicita ainda que sejam repostas as liberdades de associação e de imprensa.
A recomendação para a comunidade internacional é de que promova as medidas financeiras e de assistência em benefício dos mais necessitados. O relatório enfatiza que, a serem mantidas as sanções, deve ser assegurado que o tipo de medidas não afete os direitos humanos.
A Unama pede ainda que as mulheres afegãs sejam mais apoiadas no seu envolvimento com as autoridades em temas de interesse do grupo.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News
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