Uma estimativa do governo norte-americano sugere que cerca de 15 mil soldados russos morreram até agora na guerra em curso na Ucrânia, iniciada no dia 24 de fevereiro. A afirmação foi feita na quarta-feira (20) por William Burns, diretor da CIA (Agência central de Inteligência), de acordo com a agência Reuters.
“As últimas estimativas da comunidade de inteligência dos EUA seriam algo em torno de 15 mil (forças russas) mortos e talvez três vezes mais feridos. Portanto, um conjunto bastante significativo de perdas”, disse Burns durante um fórum no Estado norte-americano do Colorado.
Embora não tenha sugerido um número, Burns afirmou que as baixas do lado ucraniano são semelhantes, “provavelmente um pouco menos do que isso”. Mas “bastante significativas”, segundo ele.
Os números indicados por Washington são bem diferentes dos fornecidos por Moscou, que trata a questão como segredo de Estado. A última vez que divulgou números foi em 25 de março, quando falou em 1.351 soldados mortos. Já Kiev disse em junho que entre 100 e 200 de seus soldados vinham sendo mortos por dia.
Depois de ter frustrado seu objetivo de controlar Kiev, devido à feroz resistência ucraniana, a Rússia tem concentrado seus esforços militares principalmente no leste do país. Entretanto, o ministro das Relações Exteriores russo Sergei Lavrov afirmou que as “missões” das forças armadas vão além de Donbass.
Segundo Burns, a derrota na capital da Ucrânia fio uma valiosa lição para o Kremlin, que desde então mudou de estratégia. “De certa forma, o que os militares russos fizeram foi recuar para uma forma de guerra mais confortável, em certo sentido, usando suas vantagens e poder de fogo de longo alcance para resistir e destruir efetivamente alvos ucranianos e compensar as fraquezas em mão de obra que eles ainda experimentam”, disse ele.
Por que isso importa?
A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho, no dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano. Esses conflitos foram usados por Vladimir Putin como argumento para justificar a invasão integral, classificada por ele como uma “operação militar especial”.
“Tomei a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de Brasília) de 24 de fevereiro. Cerca de 30 minutos depois, as primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em Mariupol, no leste do país. Segundo Putin, a invasão serviria para libertar os cidadãos de etnia russa que vivem na Ucrânia sob opressão de Kiev.
No início da ofensiva, o objetivo das forças russas era dominar Kiev, alvo de constantes bombardeios. Entretanto, diante da inesperada resistência ucraniana, a Rússia foi forçada a mudar sua estratégia. As tropas, então, começaram a se afastar de Kiev e a se concentrar mais no leste ucraniano, a fim de tentar assumir definitivamente o controle de Donbass e de outros locais estratégicos naquela região. O sul ucraniano também entrou na mira, com diversas áreas agora ocupadas por Moscou.
Em meio ao conflito, o governo da Ucrânia e as nações ocidentais passaram a acusar a Rússia de atacar inclusive alvos civis, como hospitais e escolas, dando início a investigações de crimes de guerra ou contra a humanidade cometidos pelos soldados do Kremlin.
O episódio que mais pesou para as acusações foi o massacre de Bucha, cidade ucraniana em cujas ruas foram encontrados dezenas de corpos após a retirada do exército russo. As imagens dos mortos foram divulgadas pela primeira vez no dia 2 de abril, por agências de notícias, e chocaram o mundo.
Fora do campo de batalha, a Rússia tem sido alvo de todo tipo de sanções. As esperadas punições financeiras impostas pelas principais potencias globais já começaram a sufocar a economia russa, e o país tem se tornado um pária global. Desde a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, quase mil empresas ocidentais deixaram de operar na Rússia, seja de maneira temporária ou definitiva, parcial ou integral.
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