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segunda-feira, 18 de julho de 2022

Xi Jinping visita Xinjiang pela primeira vez em oito anos

O presidente da China, Xi Jinping, visitou Xinjiang na semana passada, em sua primeira viagem à região autônoma em quase uma década, informou a mídia estatal na sexta-feira (15). O mandatário não colocava os pés lá desde 2014, três anos antes de o Ocidente chamar a atenção para supostas violações de direitos humanos contra a minoria muçulmana dos uigures, as quais classifica como genocídio. As informações são da rede alemã Deutsche Welle.

Xi iniciou os compromissos na terça-feira (12) na capital da província Urumqi, segundo a agência de notícias estatal Xinhua. Ele definiu a região como “área central” da Nova Rota da Seda (Belt and Road Iniciative, da sigla em inglês BRI), iniciativa lançada em 2015 que financia projetos de infraestrutura no exterior em quase 70 países, como portos, ferrovias e usinas de energia que servirão para melhorar a conexão entre a economia chinesa e Ásia Central e Europa Oriental.

Na agenda na quarta-feira (13), o líder foi até a cidade de Shihezi, onde inspecionou o Corpo de Produção e Construção de Xinjiang (XPCC), uma organização supragovernamental sancionada pelos EUA que seria responsável pela gestão de alguns dos campos de detenção de uigures. Em discurso aos oficiais e funcionários, ele elogiou seu “grande progresso” em reforma e desenvolvimento.

Da tarde de terça-feira (12) até a manhã de quarta (13), Xi Jinping fez inspeções e visitas (Foto: CulturalChinaBJ/Reprodução Facebook)

Segundo o site de notícias Bloomberg, ele ainda teve um encontro com lideranças do XPCC, que administra seus próprios tribunais, escolas e sistemas de saúde na região autônoma. Às autoridades, Xi Jinping pediu por uma “melhor preservação da herança cultural de grupos minoritários”.

A agência Reuters repercutiu uma reportagem da CCTV em que Xi diz “que as práticas islâmicas devem estar em conformidade com as sensibilidades chinesas, e que Xinjiang deve preparar uma equipe de representantes religiosos ‘politicamente confiáveis'”.

O presidente também apareceu sem máscara em uma foto da agência People’s Daily, cercado por moradores que aparentemente seriam uigures vestidos em trajes étnicos, todos sorrindo e batendo palmas.

“O objetivo da viagem de Xi a Xinjiang é ver os resultados das políticas que ele implementou nos últimos anos para estabilizar a região e concluir que sua abordagem e estratégia foram bem-sucedidas”, disse à reportagem da Reuters, Li Mingjiang, professor associado da S. Rajaratnam Escola de Estudos Internacionais, sediada em Cingapura.

O presidente ainda passou por uma plantação de algodão, uma universidade, uma zona comercial e um museu, segundo mostrou a emissora estatal CCTV na sexta-feira. No ano passado, uma pesquisa da Universidade Sheffield Hallam, na Inglaterra, apontou que mais de cem empresas em todo o mundo vendem, sem saber, roupas produzidas com algodão da província de Xinjiang. O material é rejeitado por inúmeras empresas devido às suspeitas de uso de trabalho forçado na região. Os EUA inclusive sancionaram o algodão da região.

Por que isso importa?

A comunidade uigur é uma minoria muçulmana de raízes turcas que habita a região autônoma de Xinjiang, no noroeste da China. A província faz fronteira com países da Ásia Central, com quem divide raízes étnicas e linguísticas.

Os uigures, cerca de 11 milhões em Xinjiang, enfrentam discriminação da sociedade e do governo chinês e são vistos com desconfiança pela maioria han, que responde por 92% dos chineses. Estimativas apontam que um em cada 20 uigures ou cidadãos de minoria étnica já passou por campos de detenção de forma arbitrária desde 2014.

O governo de Joe Biden, nos EUA, foi o primeiro a usar o termo “genocídio” para descrever as ações da China em relação aos uigures. Em seguida, Reino Unido e Canadá também passaram a usar a designação, e mais recentemente a Lituânia se juntou ao grupo.

A China nega as acusações de que comete abusos em Xinjiang e diz que as ações do governo na região têm como finalidade a educação contraterrorismo, a fim de conter movimentos separatistas e combater grupos extremistas religiosos que eventualmente venham a planejar ataques terroristas no país. .

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, afirma que o trabalho forçado uigur é “a maior mentira do século”. “Os Estados Unidos tanto criam mentiras quanto tomam ações flagrantes com base em suas mentiras para violar as regras do comércio internacional e os princípios da economia de mercado”, disse ele.

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