O surto de varíola dos macacos que se espalha rapidamente pode ser interrompido, desde que aplicadas, “as estratégias certas nos grupos certos”. Entretanto, “o tempo está passando, e todos nós precisamos nos unir para que isso aconteça”, disse na terça-feira (26) Rosamund Lewis, líder técnica da agência para varíola dos macacos.
No sábado (23), o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, declarou a propagação do vírus como uma emergência de saúde pública de interesse internacional (PHEIC, na sigla em inglês), o nível mais alto de alerta da organização.
“Através disso, esperamos melhorar a coordenação, a cooperação dos países e todas as partes interessadas, bem como a solidariedade global”, declarou Lewis.
A OMS avaliou o risco para a saúde pública da varíola dos macacos na região europeia como alto, mas no nível global como moderado. Com “outras regiões não tão severamente afetadas no momento”, era necessário declarar um PHEIC “para garantir que o surto fosse interrompido o mais rápido possível”.
Neste ano, houve mais de 16 mil casos confirmados da doença em mais de 75 países, embora Lewis tenha dito que o número real é provavelmente maior. Ela destacou que, na República Democrática do Congo, vários milhares de casos eram suspeitos, mas as instalações de teste são limitadas. “O painel global não incluiu casos suspeitos”, explicou.
Cerca de 81 crianças menores de 17 anos foram relatadas como infectadas globalmente, acrescentou a especialista, com a maioria dos casos entre homens jovens, com idade média de 37 anos.
Chegada à Europa
Identificado pela primeira vez em macacos, o vírus é transmitido principalmente através do contato próximo com uma pessoa infectada.
Até este ano, o vírus que causa varíola dos macacos raramente se espalhou para fora da África, onde é endêmico. Mas relatos de um punhado de casos na Grã-Bretanha no início de maio sinalizaram que o surto havia se espalhado para a Europa.
“No momento, o surto ainda está concentrado em grupos de homens que fazem sexo com homens em alguns países, mas esse não é o caso em todos os lugares”, disse Lewis. “É realmente importante reconhecer também que o estigma e a discriminação podem ser muito prejudiciais e tão perigosos quanto qualquer vírus em si”.
Os sintomas
A varíola dos macacos pode causar uma série de sinais e sintomas, incluindo feridas dolorosas. Algumas pessoas desenvolveram sintomas graves que precisam de cuidados em uma unidade de saúde. Aqueles com maior risco de doença grave ou complicações incluem mulheres grávidas, crianças e pessoas imunocomprometidas.
Lewis disse que a OMS está trabalhando com os Estados-Membros e a União Europeia (UE) na liberação de vacinas e com parceiros para determinar um mecanismo de coordenação global. Ela enfatizou que a vacinação em massa não era necessária, mas a OMS havia recomendado a vacinação pós-exposição.
O compartilhamento de vacinas deve ser feito de acordo com as necessidades de saúde pública, país por país e localidade por localidade. Nem todas as regiões tinham a mesma epidemiologia, explicou ela, enfatizando que os países com capacidade de fabricação para diagnósticos, vacinas ou terapêuticas de varíola e varíola dos macacos devem aumentar a produção.
Os países e fabricantes devem trabalhar com a OMS para garantir que sejam disponibilizados com base nas necessidades de saúde pública, solidariedade e a um custo razoável para os países onde são mais necessários.
Lewis explicou que cerca de 16,4 milhões de vacinas estavam atualmente disponíveis a granel, mas precisavam ser finalizadas. Os países que atualmente produzem vacinas são Dinamarca, Japão e Estados Unidos.
Ela lembrou que a recomendação atual para pessoas com varíola dos macacos era se isolar e não viajar até que se recuperassem. Casos de contato devem verificar sua temperatura e monitorar possíveis outros sintomas pelo período de nove a 21 dias.
“Quando alguém é vacinado, leva várias semanas para que a resposta imune seja gerada pelo organismo”, disse Lewis.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News
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