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segunda-feira, 6 de junho de 2022

Nova lista de sanções da UE inclui comandantes que atacaram Bucha e Mariupol

Dois comandantes russos que teriam coordenado atrocidades na Ucrânia foram adicionados à lista de sanções da União Europeia (UE), cuja versão atualizada foi divulgada na sexta-feira (3). No documento, que inclui novas sanções contra funcionários do Kremlin e pessoas ligadas a Putin, os militares são apontados como os “carniceiros” de Bucha e Mariupol. As informações são da agência catari Al Jazeera.

Um deles é Azatbek Omurbekov. De acordo com o bloco econômico, o militar liderou as tropas russas enquanto “matavam, estupravam e torturavam civis” na cidade a noroeste de Kiev que ficou mundialmente conhecida por tais atrozes crimes de guerra durante a ocupação, ações que deram a ele a alcunha de o “Açougueiro de Bucha”.

Família caminha entre tanques russos destruídos em Bucha, nos arredores de Kiev (Foto: manhhai/Flickr)

O outro é o general Mikhail Mizintsev, acusado pela UE de ter supervisionado o cerco e as ofensivas que mataram milhares de civis na cidade no sul da Ucrânia que até agora é o local mais arrasado pela guerra. O bombardeio de uma maternidade e depois o ataque a um teatro que seria usado como abrigo, onde teriam morrido 600 civis, renderam a Mizintsev o apelido de “o Açougueiro de Mariupol”.

Além dos dois militares, a lista da UE, que agora passa de 1,1 mil nomes, incluiu mais de 60 pessoas. Também foram listados Elizaveta e Nikolay Peskov, filhos do porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, bem como a esposa de Peskov, a ex-campeã de patinação no gelo Tatiana Navka.

Outra adição é Alina Kabaeva, ex-medalhista olímpica em ginástica e então membro do parlamento do partido Rússia Unida, sigla aliada ao presidente Vladimir Putin. Ela já foi apontada em 2008 pelo jornal russo Moskovsky Korrespondent como namorada do chefe do Kremlin, o que foi negado por ele. O veículo fechou logo após a publicação da reportagem.

Tanto a UE quanto os EUA, que têm liderado a aplicação de sanções à Rússia, a Putin e a pessoas próximas a ele, como os oligarcas que o apoiam, entendem que a apreensão dos bens desses indivíduos deve ser convertida em confisco, sendo os valores arrecadados usados para apoiar Kiev.

O novo pacote de sanções também determinou a proibição da maioria das importações de petróleo russo para a UE. Outra medida foi a remoção do principal credor da Rússia e maior banco do Leste Europeu, o Sberbank, do sistema internacional de pagamentos SWIFT, que movimenta dinheiro entre milhares de bancos em todo o mundo.

Sanções impactam gigante da internet

A atualização da lista atingiu Arkady Volozh, presidente-executivo do Yandex – o gigante russo da internet onde bancos estatais, incluindo o Sberbank, possuem participações. Ele imediatamente deixou o cargo após ter seu nome incluído, disse a UE.

De acordo com o bloco econômico, o Yandex, que não está sujeito a sanções da UE, disseminou narrativas estatais e diminuiu a visibilidade de conteúdo crítico ao Kremlin na internet, inclusive sobre a guerra na Ucrânia.

Após o anúncio da lista na sexta, as ações da Yandex caíram até 10%. Depois, a participação da empresa se recuperou para uma perda de 6%.

O massacre de Bucha

A pressão global por punições à Rússia, às suas tropas e ao presidente Putin aumentou bastante depois que os corpos de dezenas de pessoas foram encontrados nas ruas de Bucha, quando as tropas locais reconquistaram a cidade três dias após a retirada do exército russo. As imagens dos mortos foram divulgadas pela primeira vez no dia 2 de abril, por agências de notícias, e chocaram o mundo.

As fotos mostram pessoas mortas com as mãos amarradas atrás do corpo, um indício de execução. Outros corpos aparecem parcialmente enterrados, com algumas partes à mostra. Há também muitos corpos em valas comuns. Nenhum dos mortos usava uniforme militar, sugerindo que as vítimas são civis.

“O massacre de Bucha prova que o ódio russo aos ucranianos está além de qualquer coisa que a Europa tenha visto desde a Segunda Guerra Mundial”, disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em sua conta no Twitter.

Civis mortos nas ruas de Bucha cidade ucraniana (Foto: reprodução/Twitter)

Moscou, por sua vez, nega as acusações. Através do aplicativo russo de mensagens Telegram, o Ministério da Defesa russo disse que, “durante o tempo em que a cidade esteve sob o controle das forças armadas russas, nenhum morador local sofreu qualquer ação violenta”. O texto classifica as denúncias como “outra farsa, uma produção encenada e provocação do regime de Kiev para a mídia ocidental, como foi o caso em Mariupol com a maternidade“.

Entretanto, imagens de satélite da empresa especializada Maxar Technologies derrubam o argumento da Rússia. O jornal The New York Times realizou uma investigação com base nessas imagens e constatou que objetos de tamanho compatível com um corpo humano aparecem na rua Yablonska entre 9 e 11 de março. Eles estão exatamente nas mesmas posições em que foram descobertos os corpos quando da chegada das tropas ucranianas, conforme vídeo feito por um residente da cidade em 1º de abril.

Mais recentemente, Kiev alegou que apenas em Mariupol, que tem sido o principal alvo das tropas russas, foram encontrados ao menos 20 mil corpos de civis mortos. E acusa os soldados russos de depositarem cerca de nove mil cadáveres em valas comuns em Manhush, uma vila próxima à cidade portuária. Ao levar os corpos para outra localidade, o objetivo das tropas de Moscou seria esconder as evidências de crimes.

Vadym Boychenko, prefeito de Mariupol, comparou a descoberta ao massacre de Babi Yar, um fuzilamento em massa comandado nas proximidades de Kiev pelos nazistas em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial. Os corpos de cerca de 33 mil pessoas, essencialmente judeus, foram encontrados em valas comuns na ocasião.

“O maior crime de guerra do século 21 foi cometido em Mariupol. Este é o novo Babi Yar. Então, Hitler matou judeus, ciganos e eslavos. Agora, Putin está destruindo os ucranianos”, disse Boychenko. “Precisamos fazer tudo o que pudermos para impedir o genocídio”.

Os mortos de Putin

Desde que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com inúmeros eventos, que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia.

Na conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso, ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a invasão à Ucrânia que colocou o mundo em alerta.

A Referência organizou alguns dos principais incidentes associados ao líder russo. Relembre os casos.

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