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quinta-feira, 23 de junho de 2022

Três meses após suspender operações, Nike anuncia saída definitiva da Rússia

A empresa de material esportivo Nike anunciou nesta quinta-feira (23) que deixará em definitivo a Rússia. A decisão está associada à guerra na Ucrânia e foi tomada três meses depois de a companhia norte-americana ter anunciado a suspensão de suas atividades no país. As informações são da agência Reuters.

“A Nike tomou a decisão de deixar o mercado russo. Nossa prioridade é garantir que estamos apoiando totalmente nossos funcionários enquanto reduzimos nossas operações com responsabilidade nos próximos meses”, disse a empresa em comunicado enviado por e-mail.

No dia 3 de março, a empresa havia anunciado a suspensão de todas as operações nas lojas das quais era dona no país. Aquelas que seguiam funcionando eram apenas as lojas operadas por parceiros independentes. Agora, seguiu o que já haviam feito outras grandes marcas e encerrou completamente suas atividades em território russo.

Muitas companhias ocidentais decidiram acelerar o encerramento das operações diante da perspectiva de que novas leis surjam para dificultar esse processo, através de ações como multas ou confisco de bens.

Equipe de atletismo da Rússia patrocinada pela Nike, em imagem de 2012 (Foto: divulgação)

Mais que uma decisão financeira, o fim das atividades é uma questão política. Ultimamente, a Nike tem se posicionado socialmente em casos emblemáticos.

O episódio de maior repercussão foi o do jogador de futebol americano Colin Kaepernick, que tornou-se um pária no esporte desde que liderou o movimento de se ajoelhar durante o hino nacional dos EUA como forma de protestar contra o racismo. Ele é hoje garoto-propaganda da Nike.

O jogador de futebol brasileiro Neymar também foi alvo da empresa e teve seu contrato de patrocínio rescindido depois de ter o nome ligado a um suposto escândalo de abuso sexual.

Por que isso importa?

Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro, quase mil empresas ocidentais deixaram de operar em território russo, seja de maneira temporária ou definitiva, parcial ou integral. O levantamento foi feito pela Universidade de Yale, nos EUA.

A debandada custará caro ao consumidor russo, privado de produtos em áreas diversas, como entretenimento, tecnologia, automobilístico, vestuário e geração de energia.

No setor de alimentação, o McDonald’s anunciou em maio que colocou suas lojas à venda no país, dois meses após suspender as operações. Ao final do ano passado, a rede tinha 847 lojas no país. Diferente do que ocorre no resto do mundo, onde habitualmente atua no sistema de franquias, 84% das lojas russas são operadas pela própria companhia. Somado ao faturamento na Ucrânia, a operação responde por 9% da receita global da empresa.

Loja do McDonald’s na Rússia (Foto: Wikimedia Commons)

Duas importantes cervejarias da Europa, a holandesa Heineken e a dinamarquesa Carlsberg, também anunciaram que venderão seus negócios e deixarão de atuar na Rússia. Os planos da empresa da Holanda incluem manter o pagamento de seus funcionários até o final do ano, período no qual buscará um comprador, bem como vender o negócio sem margem de lucro. Já a companhia da Dinamarca diz que seguirá em funcionamento, mas com uma operação em pequena escala, até ser vendida.

Uma decisão que já causou problemas foi o fim dos serviços das companhias de cartões de crédito MastercardVisa. O maior banco estatal da Rússia, o Sberbank, disse que o impacto na rotina doméstica dos cidadãos seria pequeno e assegurou que ainda é possível “sacar dinheiro, fazer transferências usando o número do cartão e pagar em lojas russas offline e online”, de acordo com a rede britânica BBC.

A tendência é a de que os consumidores russos possam usar os cartões normalmente até que percam a validade, e depois disso não recebam novos plásticos. Entretanto, os cartões emitidos na Rússia já deixaram de ser aceitos no exterior. Isso atrapalhou, por exemplo, turistas que ficaram impedidos de deixar a Tailândia, por problemas com voos cancelados e cartões bloqueados.

No setor de vestuário, quem anunciou estar deixando o mercado russo é a Levi’s, sob o argumento de que quaisquer considerações comerciais “são claramente secundárias em relação ao sofrimento humano experimentado por tantos”. Nike e Adidas também suspenderam todas as operações no mercado russo. A sueca Ikea, gigante do setor de móveis, é outra que decidiu deixar a Rússia em função da guerra.

Nas áreas de entretenimento e tecnologia, alguns gigantes também optaram por suspender as vendas de produtos e serviços no país de Vladimir Putin. A Netflix interrompeu seus serviços e cancelou todos os projetos e aquisições na Rússia, enquanto WarnerDisney e Sony adiaram os lançamentos de suas novas produções no país. Já a Apple excluiu os aplicativos das empresas estatais russas de mídia RT e Sputnik e disse que não mais venderá seus produtos, como iPhonesiPads e afins, em território russo. Panasonic, Microsoft, NokiaEricsson e Samsung são outras que optaram por encerrar as operações no país.

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