A empresa de material esportivo Nike anunciou nesta quinta-feira (23) que deixará em definitivo a Rússia. A decisão está associada à guerra na Ucrânia e foi tomada três meses depois de a companhia norte-americana ter anunciado a suspensão de suas atividades no país. As informações são da agência Reuters.
“A Nike tomou a decisão de deixar o mercado russo. Nossa prioridade é garantir que estamos apoiando totalmente nossos funcionários enquanto reduzimos nossas operações com responsabilidade nos próximos meses”, disse a empresa em comunicado enviado por e-mail.
No dia 3 de março, a empresa havia anunciado a suspensão de todas as operações nas lojas das quais era dona no país. Aquelas que seguiam funcionando eram apenas as lojas operadas por parceiros independentes. Agora, seguiu o que já haviam feito outras grandes marcas e encerrou completamente suas atividades em território russo.
Muitas companhias ocidentais decidiram acelerar o encerramento das operações diante da perspectiva de que novas leis surjam para dificultar esse processo, através de ações como multas ou confisco de bens.
Mais que uma decisão financeira, o fim das atividades é uma questão política. Ultimamente, a Nike tem se posicionado socialmente em casos emblemáticos.
O episódio de maior repercussão foi o do jogador de futebol americano Colin Kaepernick, que tornou-se um pária no esporte desde que liderou o movimento de se ajoelhar durante o hino nacional dos EUA como forma de protestar contra o racismo. Ele é hoje garoto-propaganda da Nike.
O jogador de futebol brasileiro Neymar também foi alvo da empresa e teve seu contrato de patrocínio rescindido depois de ter o nome ligado a um suposto escândalo de abuso sexual.
Por que isso importa?
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro, quase mil empresas ocidentais deixaram de operar em território russo, seja de maneira temporária ou definitiva, parcial ou integral. O levantamento foi feito pela Universidade de Yale, nos EUA.
A debandada custará caro ao consumidor russo, privado de produtos em áreas diversas, como entretenimento, tecnologia, automobilístico, vestuário e geração de energia.
No setor de alimentação, o McDonald’s anunciou em maio que colocou suas lojas à venda no país, dois meses após suspender as operações. Ao final do ano passado, a rede tinha 847 lojas no país. Diferente do que ocorre no resto do mundo, onde habitualmente atua no sistema de franquias, 84% das lojas russas são operadas pela própria companhia. Somado ao faturamento na Ucrânia, a operação responde por 9% da receita global da empresa.
Duas importantes cervejarias da Europa, a holandesa Heineken e a dinamarquesa Carlsberg, também anunciaram que venderão seus negócios e deixarão de atuar na Rússia. Os planos da empresa da Holanda incluem manter o pagamento de seus funcionários até o final do ano, período no qual buscará um comprador, bem como vender o negócio sem margem de lucro. Já a companhia da Dinamarca diz que seguirá em funcionamento, mas com uma operação em pequena escala, até ser vendida.
Uma decisão que já causou problemas foi o fim dos serviços das companhias de cartões de crédito Mastercard e Visa. O maior banco estatal da Rússia, o Sberbank, disse que o impacto na rotina doméstica dos cidadãos seria pequeno e assegurou que ainda é possível “sacar dinheiro, fazer transferências usando o número do cartão e pagar em lojas russas offline e online”, de acordo com a rede britânica BBC.
A tendência é a de que os consumidores russos possam usar os cartões normalmente até que percam a validade, e depois disso não recebam novos plásticos. Entretanto, os cartões emitidos na Rússia já deixaram de ser aceitos no exterior. Isso atrapalhou, por exemplo, turistas que ficaram impedidos de deixar a Tailândia, por problemas com voos cancelados e cartões bloqueados.
No setor de vestuário, quem anunciou estar deixando o mercado russo é a Levi’s, sob o argumento de que quaisquer considerações comerciais “são claramente secundárias em relação ao sofrimento humano experimentado por tantos”. Nike e Adidas também suspenderam todas as operações no mercado russo. A sueca Ikea, gigante do setor de móveis, é outra que decidiu deixar a Rússia em função da guerra.
Nas áreas de entretenimento e tecnologia, alguns gigantes também optaram por suspender as vendas de produtos e serviços no país de Vladimir Putin. A Netflix interrompeu seus serviços e cancelou todos os projetos e aquisições na Rússia, enquanto Warner, Disney e Sony adiaram os lançamentos de suas novas produções no país. Já a Apple excluiu os aplicativos das empresas estatais russas de mídia RT e Sputnik e disse que não mais venderá seus produtos, como iPhones, iPads e afins, em território russo. Panasonic, Microsoft, Nokia, Ericsson e Samsung são outras que optaram por encerrar as operações no país.
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