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sexta-feira, 10 de junho de 2022

Presidente polonês questiona França e Alemanha e diz que ligar para Putin é como ‘falar com Hitler’

O presidente polonês questionou a linha direta dos líderes de França e Alemanha com o chefe do Kremlin, Vladimir Putin, e fez duras críticas aos seus homônimos na quinta-feira (9). Para Andrzej Duda, falar por telefone com o mandatário russo é como manter contato com Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial. As informações são da rede alemã Deutsche Welle (DW).

Em entrevista publicada no jornal alemão Bild, Duda demonstrou desagrado com o fato de o chanceler Olaf Scholz e o presidente francês Emmanuel Macron manterem conversas individuais com Putin desde que as tropas russas invadiram a Ucrânia em fevereiro. Ele questionou quais seriam os ganhos de ambos em sustentar o diálogo enquanto a Rússia segue bombardeando o país vizinho.

“Alguém falou assim com Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial?” questionou o mandatário polonês. “Alguém disse que Adolf Hitler deve livrar a cara? Que devemos proceder de tal maneira que não seja humilhante para Adolf Hitler? Não ouvi tais vozes”.

Presidente da Polônia, Andrzej Duda (Foto: Andrzej Duda/Twitter)

A fala de Duda foi endereçada a Macron, que declarou em entrevista na semana passada que a Rússia não deveria ser “humilhada”, de modo a preservar as chances de uma saída diplomática para o conflito, o que despertou a ira de Kiev, segundo a agência Reuters.

Porém, na mesma conversa com a imprensa, Macron disse que o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pediu para que ele mantivesse um canal aberto com Putin. Nesses diálogos, de acordo com o Palácio do Eliseu, o líder francês apelou para que seu homólogo russo libertasse prisioneiros, incluindo civis.

De acordo com o governo francês, tal pedido foi feito durante uma ligação conjunta com Putin feita no dia 28 de maio, quando Macron e Scholz, além de instarem o líder russo a falar diretamente com Zelensky, pediram a soltura dos 2,5 mil combatentes ucranianos capturados na siderúrgica Azovstal, em Mariupol. Eles estão sob custódia da autoproclamada República Popular de Donetsk, que promete julgá-los.

Scholz justificou suas conversações enfatizando a importância de manter abertas as linhas de comunicação com Moscou.

Duda se mostra cético com a aproximação dos colegas e disse que não há sinais de que eles estejam “conseguindo alguma coisa”. Ele descreveu as conversas em tom crítico, como se Macron e Scholz estivessem validando os atos de Putin: “Uma espécie de legitimação de uma pessoa responsável por crimes perpetrados pelo exército russo na Ucrânia”. 

Na visão de grupos judaicos dentro da Alemanha, segundo estudo recente da Fundação Amadeu Antonio, comentários como o do presidente polonês relativizam o Holocausto e devem ser vistos de forma crítica.

Desde o início dos ataques à Ucrânia, o exército de Putin forçou 7 milhões de pessoas a fugir de suas casas, matou milhares e cometeu inúmeros crimes de guerra contra civis.

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