A União Europeia (UE) confirmou na quinta-feira (23) a candidatura da Ucrânia a integrar o bloco econômico. Ao formalizar o pedido de adesão, que também inclui a Moldávia, o Conselho Europeu fez novas críticas às ações da Rússia, a quem acusou de “usar os alimentos como arma na sua guerra contra a Ucrânia”. E prometeu aumentar o apoio militar a Kiev.
“O Conselho Europeu insta a Rússia a deixar imediatamente de visar instalações agrícolas e de subtrair cereais, e a desbloquear o Mar Negro, em especial o porto de Odessa, a fim de permitir a exportação de cereais e as operações de transporte marítimo comercial”, diz um comunicado publicado pelo bloco.
O bloco citou os países em desenvolvimento como principais prejudicados pelas ações russas, com destaque para o continente africano. E prometeu “colaborar com parceiros internacionais em iniciativas para apoiar o desenvolvimento da capacidade de produção, nos países em desenvolvimento, de fatores de produção, em especial de adubos sustentáveis”.
Sanções e ajuda financeira
Ao confirmar as candidaturas, a UE também instou seus possíveis futuros membros, o que inclui ainda Geórgia, bem como as nações que já integram o bloco, a se alinharem para respeitar as sanções impostas a Moscou em função do conflito. No começo do mês, um sexto pacote de punições foi anunciado, tendo como principais alvos funcionários do Kremlin e pessoas ligadas a Putin, entre elas os militares apontados como os “carniceiros” de Bucha e Mariupol.
“A adoção do sexto pacote de sanções da UE intensifica ainda mais a pressão sobre a Rússia para pôr termo à sua guerra contra a Ucrânia. Prosseguirão os trabalhos em matéria de sanções, nomeadamente para reforçar a sua execução e evitar que sejam contornadas”, afirma o texto.
Paralelamente, o Conselho Europeu prometeu apresentar uma nova proposta de assistência financeira à Ucrânia que poderá chegar a nove bilhões de euros no ano de 2022. E manifestou apoio à instalação de corredores solidários “para facilitar as exportações de alimentos da Ucrânia por diferentes rotas terrestres e portos da UE”.
Na mesma sessão, a UE afirmou que o pedido de adesão da Geórgia ao bloco ainda não foi confirmado porque o país precisa cumprir algumas exigências finais. Mas deu a e entender que as três solicitações estão bem encaminhadas. “O futuro destes países e dos seus cidadãos está na União Europeia”, disse o bloco.
O massacre de Bucha
A pressão global por punições à Rússia, às suas tropas e ao presidente Putin aumentou bastante depois que os corpos de dezenas de pessoas foram encontrados nas ruas de Bucha, quando as tropas locais reconquistaram a cidade três dias após a retirada do exército russo. As imagens dos mortos foram divulgadas pela primeira vez no dia 2 de abril, por agências de notícias, e chocaram o mundo.
As fotos mostram pessoas mortas com as mãos amarradas atrás do corpo, um indício de execução. Outros corpos aparecem parcialmente enterrados, com algumas partes à mostra. Há também muitos corpos em valas comuns. Nenhum dos mortos usava uniforme militar, sugerindo que as vítimas são civis.
“O massacre de Bucha prova que o ódio russo aos ucranianos está além de qualquer coisa que a Europa tenha visto desde a Segunda Guerra Mundial”, disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em sua conta no Twitter.
Moscou, por sua vez, nega as acusações. Através do aplicativo russo de mensagens Telegram, o Ministério da Defesa russo disse que, “durante o tempo em que a cidade esteve sob o controle das forças armadas russas, nenhum morador local sofreu qualquer ação violenta”. O texto classifica as denúncias como “outra farsa, uma produção encenada e provocação do regime de Kiev para a mídia ocidental, como foi o caso em Mariupol com a maternidade“.
Entretanto, imagens de satélite da empresa especializada Maxar Technologies derrubam o argumento da Rússia. O jornal The New York Times realizou uma investigação com base nessas imagens e constatou que objetos de tamanho compatível com um corpo humano aparecem na rua Yablonska entre 9 e 11 de março. Eles estão exatamente nas mesmas posições em que foram descobertos os corpos quando da chegada das tropas ucranianas, conforme vídeo feito por um residente da cidade em 1º de abril.
Mais recentemente, Kiev alegou que apenas em Mariupol, que tem sido o principal alvo das tropas russas, foram encontrados ao menos 20 mil corpos de civis mortos. E acusa os soldados russos de depositarem cerca de nove mil cadáveres em valas comuns em Manhush, uma vila próxima à cidade portuária. Ao levar os corpos para outra localidade, o objetivo das tropas de Moscou seria esconder as evidências de crimes.
Vadym Boychenko, prefeito de Mariupol, comparou a descoberta ao massacre de Babi Yar, um fuzilamento em massa comandado nas proximidades de Kiev pelos nazistas em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial. Os corpos de cerca de 33 mil pessoas, essencialmente judeus, foram encontrados em valas comuns na ocasião.
“O maior crime de guerra do século 21 foi cometido em Mariupol. Este é o novo Babi Yar. Então, Hitler matou judeus, ciganos e eslavos. Agora, Putin está destruindo os ucranianos”, disse Boychenko. “Precisamos fazer tudo o que pudermos para impedir o genocídio”.
Os mortos de Putin
Desde que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com inúmeros eventos, que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia.
Na conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso, ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a invasão à Ucrânia que colocou o mundo em alerta.
A Referência organizou alguns dos principais incidentes associados ao líder russo. Relembre os casos.
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