O governo da Finlândia estuda a possibilidade de alterar a legislação nacional a fim de permitir, entre outras medidas, o estabelecimento de barreiras ao longo de sua fronteira leste com a Rússia. A iniciativa é um efeito direto da invasão da Ucrânia e uma reação à ameaça que Moscou passou a reresentar para Helsinque. As informações são da agência Reuters.
Finlândia e Rússia compartilham uma fronteira de cerca de 1,3 mil quilômetros, quase toda ocupada por florestas. Mas a linha divisória atualmente tem apenas algumas marcações, sem qualquer tipo de barreira efetiva.
Entretanto, desde o ataque à Ucrânia, o governo finlandês aumentou o patrulhamento da fronteira e deixou claro que teme uma agressão do vizinho. Por isso, tomou uma iniciativa histórica e oficialmente se candidatou a ingressar na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Não é apenas um ataque russo que preocupa. Helsinque teme a possibilidade de Moscou começar a enviar migrantes rumo à fronteira, uma situação que no ano passado gerou uma profunda crise entre Polônia e Belarus.
O governo belarusso, em uma represália à União Europeia (UE), passou a empurrar milhares de pessoas, provenientes sobretudo de Ásia, África e Oriente Médio, em direção à fronteira polonesa todos os dias, incentivando o ingresso delas no bloco europeu.
Por isso, entre as mudanças legais propostas pelo governo finlandês está a criação de pontos específicos da fronteira para a solicitação de asilo. Isso impediria legalmente que os migrantes tentassem ingressar no país por qualquer lugar ao longo dos 1,3 mil quilômetros que separam os dois países, como permite a lei atualmente.
Também estão inseridas no projeto propostas como a construção de estradas para permitir um melhor patrulhamento da fronteira e o uso de cercas de arame farpado.
“Mais tarde, o governo decidirá sobre as barreiras de fronteira para as zonas críticas da fronteira leste, com base na avaliação da Guarda de Fronteira finlandesa”, disse a ministra de Assuntos Internos Krista Mikkonen.
Por que isso importa?
A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho, no dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano. Aquele conflito foi usado por Vladimir Putin como argumento para justificar a invasão integral, classificada por ele como uma “operação militar especial”.
“Tomei a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de Brasília) de 24 de fevereiro. Cerca de 30 minutos depois, as primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em Mariupol, no leste do país.
No início da ofensiva, o objetivo das forças russas era dominar Kiev, alvo de constantes bombardeios. Entretanto, diante da inesperada resistência ucraniana, a Rússia foi forçada a mudar sua estratégia. As tropas, então, começaram a se afastar de Kiev e a se concentrar mais no leste ucraniano, a fim de tentar assumir definitivamente o controle de Donbass e de outros locais estratégicos naquela região.
Em meio ao conflito, o governo da Ucrânia e as nações ocidentais passaram a acusar Moscou de atacar inclusive alvos civis, como hospitais e escolas, dando início a investigações de crimes de guerra ou contra a humanidade cometidos pelos soldados do Kremlin.
O episódio que mais pesou para as acusações foi o massacre de Bucha, cidade ucraniana em cujas ruas foram encontrados dezenas de corpos após a retirada do exército russo. As imagens dos mortos foram divulgadas pela primeira vez no dia 2 de abril, por agências de notícias, e chocaram o mundo.
O jornal The New York Times realizou uma investigação com base em imagens de satélite e associou as mortes em Bucha a tropas russas. As fotos mostram objetos de tamanho compatível com um corpo humano na rua Yablonska, entre 9 e 11 de março. Eles estão exatamente nas mesmas posições em que foram descobertos os corpos quando da chegada das tropas ucranianas, conforme vídeo feito por um residente da cidade em 1º de abril.
Fora do campo de batalha, a Rússia tem sido alvo de todo tipo de sanções. As esperadas punições financeiras impostas pelas principais potencias globais já começaram a sufocar a economia russa, e o país tem se tornado um pária global. Desde a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, mais de 600 empresas ocidentais deixaram de operar na Rússia, seja de maneira temporária ou definitiva, parcial ou integral.
Os mortos de Putin
Desde que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com inúmeros eventos, que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia.
Na conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso, ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a invasão à Ucrânia que colocou o mundo em alerta.
A Referência organizou alguns dos principais incidentes associados ao líder russo. Relembre os casos.
O post Finlândia cogita mudar lei para erguer barreiras na fronteira com a Rússia apareceu primeiro em A Referência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário, evite comentários depreciativos e ofensivos