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quinta-feira, 23 de junho de 2022

Jihadistas atacam táxis e matam ao menos dez cristãos na RD Congo

Três táxis que transportavam civis cristãos perto da cidade de Beni, província de Kivu do Norte, na República Democrática do Congo, foram atacados por extremistas na última terça-feira (21). Ao menos dez pessoas morreram, de acordo com o site Persecution.org.

O ataque foi atribuído à organização jihadista ADF (Forças Democráticas Aliadas, da sigla em inglês), cujos combatentes teriam bloqueado uma estrada que liga as cidades de Beni e Kasindi. Trata-se da única rota que vai de Uganda até o leste da RD Congo.

“Não há um único dia em que eles (terroristas) não matem pessoas. As aldeias são inseguras, as estradas são inseguras, as cidades são inseguras…”, disse um taxista que lamentou a morte dos colegas. “Agora não podemos trabalhar porque eles atacaram Makisabo. Não sabemos quanto tempo isso levará até que a estrada seja aberta novamente”.

Para organizações cristãs locais, o ataque não foi casual, teve motivação religiosa. “Sabemos que a situação da guerra no Congo é complexa, mas não podemos ignorar o fato de que os grupos rebeldes têm como alvo os cristãos”, afirmou um bispo da região.

Em abril deste ano, 15 pessoas haviam sido mortas pela ADF em uma ação semelhante. Na ocasião, um líder religioso ugandense acusou o grupo de “matar cristãos sem piedade” na RDC, o que levou muitas pessoas a deixarem o país rumo a Uganda, justamente o local de origem da facção extremista.

Militares da operação de paz da ONU prestam apoio a civis em meio a aumento da violência em Kivu do Norte, RD Congo, abril de 2021 (Foto: Reprodução/Twitter/Monusco)
Por que isso importa?

A ADF é uma organização paramilitar ugandense acusada de estar por trás de milhares de mortes nos últimos anos. O grupo nasceu em 1995, como oposição ao presidente Yoweri Museveni, e tem atuando majoritariamente em áreas remotas. Com o tempo, a facção ultrapassou as fronteiras de Uganda e passou a agir também na RD Congo.

No começo de maio de 2021, o governo congolês decretou lei marcial em Kivu do Norte e na província vizinha de Ituri, de modo a estancar a violência atribuída ao grupo rebelde. Porém, o número de civis mortos só cresceu.

Cerca de três meses depois, em agosto, o atual presidente congolês Felix Tshisekedi declarou que forças especiais dos Estados Unidos seriam enviadas à região a fim de estudar a viabilidade de instalação de uma unidade antiterrorismo para o enfrentamento da violência islâmica.

A ADF foi colocado na lista de sanções financeiras por Washington, classificada como terrorista. A organização declarou publicamente ser um braço do Estado Islâmico (EI), que por sua vez assumiu a responsabilidade por alguns de seus ataques. O grupo é acusado de realizar massacres, sequestros e saques, com um número de mortos estimado em milhares.

Tshisekedi afirmou recentemente, em maio deste ano, que “não tem dúvidas” quanto ao apoio do governo de Ruanda aos rebeldes da ADF. Ainda assim, diz que está disposto a dialogar e manter relações cordiais com a nação vizinha.

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