As especulações de que Vladimir Putin está com câncer e sobreviveu recentemente a uma tentativa de assassinato, desmentidas com veemência por Moscou, se fortaleceram após o vazamento de informações que constam de um relatório da inteligência dos EUA. Três pessoas com conhecimento do teor do documento confirmaram à revista Newsweek os boatos sobre o presidente da Rússia, que estaria sob inédita pressão no comando do país.
As três fontes não tiveram seus nomes revelados. Sabe-se apenas que um deles é um oficial aposentado da força área, outro trabalha no escritório da diretora nacional de inteligência (DNI, na sigla em inglês), posto ocupado desde janeiro de 2021 por Avril Haines, e o terceiro é da Agência de Inteligência de Defesa (DIA, na sigla em inglês).
A avaliação do trio é a de que o poder de Putin na Rússia tem se reduzido gradativamente. “O controle de Putin é forte, mas não é mais absoluto”, diz um dos altos oficiais sobre as informações do relatório. “A disputa dentro do Kremlin nunca foi tão intensa durante seu governo, todos sentindo que o fim está próximo”.
O problema é que essa mudança de cenário levou o presidente russo a se isolar, reduzindo o acesso a ele e, consequentemente, secando as fontes de informação da inteligência dos EUA. “O isolamento de Putin aumentou assim os níveis de especulação”, diz o alto oficial.
Esse isolamento e a desconfiança da cúpula do governo quanto às condições de saúde do líder ajudariam a explicar a suposta tentativa de assassinato que Moscou jamais divulgou. Entretanto, a CIA (Agência Central de Inteligência, da sigla em inglês) e outras agências estrangeiras de inteligência indicam que há um crescente descontentamento no Kremlin, com o aumento de funcionários do governo dispostos a desertar para o Ocidente.
“Alguém antes visto como onipotente agora é visto principalmente como lutando com o futuro, o seu em particular”, diz o funcionário da DNI.
A questão da saúde de Putin, embora igualmente nebulosa, tem mais informações disponíveis. “Putin está doente? Com certeza”, disse o oficial aposentado da força aérea. “Mas não devemos deixar que a espera pela morte dele impulsione ações proativas de nossa parte. Um vácuo de poder depois de Putin pode ser muito perigoso para o mundo”.
O funcionário da DIA segue pelo mesmo caminho ao falar da saúde do líder russo. “Putin está definitivamente doente. Se vai morrer em breve é mera especulação”, diz ele, que diverge ao analisar os possíveis efeitos do problema. “Putin estar doente ou morrer é bom para o mundo, não apenas por causa do futuro da Rússia ou do fim da guerra na Ucrânia. Mas por diminuir a ameaça do homem louco de guerra nuclear“.
A fonte baseia seu raciocínio na ameaça nuclear já feita pelo presidente em meio à guerra na Ucrânia. “Um Putin enfraquecido, um líder obviamente em declínio, não um no topo de seu jogo, tem menos influência sobre seus conselheiros e subordinados, digamos, se ele ordenar o uso de armas nucleares”.
Os mortos de Putin
Desde que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com inúmeros eventos, que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia.
Na conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso, ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a invasão à Ucrânia que colocou o mundo em alerta.
A Referência organizou alguns dos principais incidentes associados ao líder russo. Relembre os casos.
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