O fórum econômico anual de Vladimir Putin em São Petersburgo, tido em outros tempos como uma atração pomposa para oligarcas russos e estrangeiros ávidos por fazer afagos ao Kremlin, na edição de 2022, sob o contexto da guerra, tornou-se um lugar tóxico. Tanto que há participantes que, temendo represálias, prometem postura “low profile” durante os três dias de atividades, segundo matéria do site Business Insider.
Discrição deve ser a palavra de ordem entre diversas lideranças empresariais na edição que marca o 25º aniversário do Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo (SPIEF, da sigla em inglês), que começou nesta quarta-feira (15) e segue até sábado (18). Com medo de serem vistos e sofrerem sanções ocidentais como outros magnatas, medidas tomadas após a invasão da Ucrânia pela Rússia, alguns executivos falaram sob anonimato à reportagem da rede Bloomberg sobre como pretendem se desvincular da pecha “radiotiva” no evento deste ano.
Pelo menos dois deles disseram que planejam sair mais cedo para evitar assistir ao discurso de Putin no evento, que nos últimos anos foi o destaque do fórum. Outros já solicitaram à organização do SPIEF para que seus nomes sejam removidos de seus crachás, de modo a dificultar a identificação.
Embora a Rússia esteja atolada em sanções internacionais sem precedentes, que ameaçam jogar o país para a mais profunda recessão econômica em décadas, as autoridades preparam uma abordagem de negócios costumeira. Tudo sob o slogan de “Novas Oportunidades em um Novo Mundo”.
No site do Kremlin, Putin saudou os participantes e usou o tema do evento para justificar as críticas ao Ocidente.
“O aniversário do Fórum acontece em um momento difícil para toda a comunidade internacional. Os erros dos países ocidentais na política econômica ao longo de muitos anos e as sanções ilegítimas levaram a uma onda de inflação global, à ruptura das cadeias de suprimentos usuais e a um aumento acentuado da pobreza e da escassez de alimentos”, disse o mandatário Russo. “No entanto, como pode ser o caso, juntamente com esses desafios, novas perspectivas estão surgindo. É por isso que o slogan do Fórum – Novas Oportunidades em um Novo Mundo – parece tão relevante”.
De acordo com a programação, o CEO da Câmara de Comércio Americana na Rússia irá falar em duas ocasiões. O fórum também abrirá espaço para figuras importantes da Câmara de Comércio e Indústria Franco-Russa e Ítalo-Russa, bem como da Câmara de Comércio da Eurásia do Canadá.
Entre os painéis propostos também figuram tópicos como a indústria da mídia, energia verde, relações Rússia-Ásia e segurança alimentar. Diversas discussões apresentam funcionários russos como palestrantes, segundo o programa oficial. Segundo a Bloomberg, a edição 2020 terá menos representantes estrangeiros do que em comparação a anos anteriores.
Em edições anteriores, a Rússia usou o fórum para exibir o “sucesso do país”, segundo Ekaterina Schulmann, cientista política e membro da Academia Robert Bosch da Alemanha, que moderou painéis de discussão no SPIEF do ano passado. Ao mesmo tempo, era uma bela oportunidade anual para líderes empresariais exibirem “conexões e dinheiro”, acrescentou ela.
Em 2022, “se nem todos os participantes nacionais querem demonstrar sua participação, os estrangeiros ainda menos”, disse Schulmann, rotulada de “agente estrangeiro” pelo Kremlin, designação que carrega conotações negativas da era soviética e serve para rotular o que seriam organizações envolvidas em atividades políticas financiadas pelo exterior.
Segundo o site do SPIEF, o valor individual de um ingresso para o SPIEF custa 960 mil rublos (US$ 16,6 mil). Como a Rússia foi excluída do sistema Swift, a organização aconselhou os participantes a trazer dinheiro com eles, já que os cartões bancários Visa e Mastercard emitidos fora da Rússia não estão operando no país.
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