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quinta-feira, 30 de junho de 2022

Justiça do Irã rejeita recurso e mantém pena longa para francês acusado de espionagem

A Justiça do Irã rejeitou um recurso interposto pela defesa do cidadão francês Benjamin Briere e confirmou a sentença de oito anos e oito meses de prisão imposta a ele em janeiro. Acusado de espionagem, o réu alega que o caso tem motivação política. As informações são da rede Radio Free Europe.

O turista foi preso sob as acusações de espionagem e de fazer propaganda contra o Irã após usar um drone para tirar fotos aéreas de uma região de acesso restrito, nas proximidades da fronteira iraniana com o Turcomenistão. Em dezembro de 2021, ele iniciou uma greve de fome para protestar contra os maus-tratos que alega sofrer no cárcere.

Saeid Dehghan, advogado de direitos humanos que defende o réu no Irã, usou o Twitter para confirmar a sentença e listou algumas justificativas da Justiça para a condenação. “A pena de 8 anos e 8 meses de prisão para um turista francês foi finalizada. 1. A França foi reconhecida como um “estado hostil”. 2. Oferecer “condolências às vítimas do avião ucraniano” foi um dos motivos citados para a condenação. 3- Expertise na área de informática e ter mais de um disco rígido e celular são outros motivos!”.

No texto, Dehghan cita o voo 752 da Ukraine International Airlines, que seguia de Teerã para Kiev em 8 de janeiro de 2020. O Boeing 737-800 foi abatido logo após a decolagem e todos os 176 passageiros e tripulantes morreram. A culpa foi atribuída à Guarda Revolucionária do Irã (IRGC), a elite das forças armadas do país.

Embuste

Quando o veredito de Briere foi anunciado, em janeiro, Philippe Valent, advogado francês da família do turista, classificou o caso como um “embuste” e acrescentou que Briere “não teve um julgamento justo diante de juízes imparciais”, alegando ainda que não teve acesso à acusação completa.

Ele também citou as recentes negociações do acordo nuclear entre o Irã e o Ocidente, das quais a França é parte. E disse que a prisão do turista é uma arma iraniana para obter vantagens no acordo. “É intolerável que Benjamin Briere esteja sendo refém de negociações de um regime que mantém um cidadão francês detido arbitrariamente apenas para usá-lo como moeda de troca”, disse Valent.

Pena de morte

De acordo com Dehghan, no final do ano passado foram derrubadas outras duas acusações pesadas contra o francês. A primeira, de consumo de álcool, prevê punição por açoite. Já a segunda acusação derrubada pelos promotores, “corrupção na Terra”, é considerado um dos mais graves do código penal iraniano e poderia levar a uma sentença de pena de morte.

A irmã do acusado, Blandine Briere, por sua vez, chegou a publicar uma carta aberta ao presidente Emmanuel Macron, na qual dizia que as acusações contra ele são “sem fundamento” e que o irmão teria sido transformado em um “instrumento de negociação” pelo governo do Irã.

A Guarda Revolucionária do Irã prendeu dezenas de cidadãos de dupla nacionalidade e estrangeiros nos últimos anos, principalmente sob acusações de espionagem. Ativistas de direitos humanos acusam Teerã de realizar esse tipo de detenção para usar os estrangeiros como moeda de troca, na tentativa de obter concessões de países ocidentais que impuseram sanções econômicas ao Irã.

Entre os muitos estrangeiros detidos há ainda mais dois franceses: Cecile Kohler, de 37 anos, e o parceiro dela, Jacques Paris, de 69 anos. Eles são acusados ​​de tentar fomentar a agitação trabalhista no país.

Benjamin Briere, turista francês preso no Irã desde maio de 2020 (Foto: reprodução/Twitter)

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