A Comissão Europeia anunciou na quarta-feira que destinará 7,25 milhões de euros ao Tribunal Penal Internacional (TPI), a fim de apoiar as investigações de abusos cometidos por tropas da Rússia na Ucrânia.
“Não pode haver impunidade pelos crimes cometidos durante a ocupação russa. As investigações do Tribunal Penal Internacional são cruciais para garantir a responsabilização e a justiça pelos crimes hediondos cometidos na Ucrânia”, afirmou o vice-presidente da Comissão, Josep Borrell.
Em comunicado, o órgão disse que a iniciativa é “parte dos esforços da UE (União Europeia) para combater a impunidade dos crimes internacionais a nível mundial. Em particular, ajudará o TPI a aumentar sua capacidade de investigação para responder às investigações em andamento sobre crimes de guerra cometidos pela Rússia na Ucrânia”.
Antes disso, no dia 19 de maio, a UE havia aprovado uma emenda legal que permitirá à Eurojust (Agência da União Europeia para Cooperação em Justiça Criminal) “recolher, conservar e partilhar provas de crimes de guerra” e trabalhar em parceria com o TPI.
“Neste contexto, é crucial garantir o armazenamento seguro de provas fora da Ucrânia, bem como apoiar as investigações e processos por várias autoridades judiciárias europeias e internacionais”, disse a Comissão nesta quarta.
Como parte da iniciativa do bloco, a Missão Consultiva da União Europeia (EUAM), que já se encontrava na Ucrânia antes da guerra, também ajudará a procuradora-geral ucraniana, Iryna Venediktova, a treinar sua equipe e doará equipamentos que garantam uma investigação segura e ajudem a coletar evidências para o TPI.
Segundo o órgão, a mobilização tem como objetivo “responsabilizar os tomadores de decisão russos pelas graves violações do direito internacional e do direito internacional humanitário na Ucrânia”.
“Uma coisa é clara: é necessária uma resposta global para garantir que os responsáveis pelas atrocidades cometidas na Ucrânia sejam levados à justiça. Estamos cooperando estreitamente com o Tribunal Penal Internacional para garantir que não haja impunidade para os perpetradores de crimes de guerra”, disse o Comissário para a Justiça do bloco, Didier Reynders.
O massacre de Bucha
A pressão global por punições à Rússia, às suas tropas e ao presidente Putin aumentou bastante depois que os corpos de dezenas de pessoas foram encontrados nas ruas de Bucha, quando as tropas locais reconquistaram a cidade três dias após a retirada do exército russo. As imagens dos mortos foram divulgadas pela primeira vez no dia 2 de abril, por agências de notícias, e chocaram o mundo.
As fotos mostram pessoas mortas com as mãos amarradas atrás do corpo, um indício de execução. Outros corpos aparecem parcialmente enterrados, com algumas partes à mostra. Há também muitos corpos em valas comuns. Nenhum dos mortos usava uniforme militar, sugerindo que as vítimas são civis.
“O massacre de Bucha prova que o ódio russo aos ucranianos está além de qualquer coisa que a Europa tenha visto desde a Segunda Guerra Mundial”, disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em sua conta no Twitter.
Moscou, por sua vez, nega as acusações. Através do aplicativo russo de mensagens Telegram, o Ministério da Defesa russo disse que, “durante o tempo em que a cidade esteve sob o controle das forças armadas russas, nenhum morador local sofreu qualquer ação violenta”. O texto classifica as denúncias como “outra farsa, uma produção encenada e provocação do regime de Kiev para a mídia ocidental, como foi o caso em Mariupol com a maternidade“.
Entretanto, imagens de satélite da empresa especializada Maxar Technologies derrubam o argumento da Rússia. O jornal The New York Times realizou uma investigação com base nessas imagens e constatou que objetos de tamanho compatível com um corpo humano aparecem na rua Yablonska entre 9 e 11 de março. Eles estão exatamente nas mesmas posições em que foram descobertos os corpos quando da chegada das tropas ucranianas, conforme vídeo feito por um residente da cidade em 1º de abril.
Mais recentemente, Kiev alegou que apenas em Mariupol, que tem sido o principal alvo das tropas russas, foram encontrados ao menos 20 mil corpos de civis mortos. E acusa os soldados russos de depositarem cerca de nove mil cadáveres em valas comuns em Manhush, uma vila próxima à cidade portuária. Ao levar os corpos para outra localidade, o objetivo das tropas de Moscou seria esconder as evidências de crimes.
Vadym Boychenko, prefeito de Mariupol, comparou a descoberta ao massacre de Babi Yar, um fuzilamento em massa comandado nas proximidades de Kiev pelos nazistas em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial. Os corpos de cerca de 33 mil pessoas, essencialmente judeus, foram encontrados em valas comuns na ocasião.
“O maior crime de guerra do século 21 foi cometido em Mariupol. Este é o novo Babi Yar. Então, Hitler matou judeus, ciganos e eslavos. Agora, Putin está destruindo os ucranianos”, disse Boychenko. “Precisamos fazer tudo o que pudermos para impedir o genocídio”.
Os mortos de Putin
Desde que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com inúmeros eventos, que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia.
Na conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso, ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a invasão à Ucrânia que colocou o mundo em alerta.
A Referência organizou alguns dos principais incidentes associados ao líder russo. Relembre os casos.
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