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terça-feira, 28 de junho de 2022

Chega a 24 o número de mortos em ataques de grupo jihadista na RD Congo

Com a descoberta de novos corpos, saltou de sete para 24 o número provisório de mortos em ataques rebeldes na região leste da República Democrática do Congo ocorridos no final de semana. A informação foi divulgada por um grupo humanitário local e reproduzida pela agência turca Anadolu.

Os ataques, ocorridos na região de Beni, província de Kivu do Norte, foram atribuídos à organização jihadista ADF (Forças Democráticas Aliadas, da sigla em inglês). E o número de fatalidades deve aumentar, vez que ao menos 15 pessoas continuam desaparecidas.

O ataque inicial aconteceu no sábado (25), em Mamove. Mais tarde naquele mesmo dia, outra ação dos extremistas foi registrada na estrada que liga as cidades de Beni e Kasindi, onde outro massacre havia ocorrido na terça-feira (21) da semana passada, com ao menos dez cristãos mortos. Várias aldeias foram incendiadas.

“O número provisório de mortos era de sete, incluindo mulheres e homens, mas aumentou depois que mais corpos foram encontrados em três aldeias vizinhas”, disse Kinos Katuho, chefe de um grupo humanitário em Mamove.

A escalada de tensão em Beni estaria ligada ao fato de que o exército congolês voltou temporariamente suas atenções ao ressurgimento do grupo M23 (Movimento 23 de Março). A milícia armada, que em 2012 fez oposição ao governo congolês e gerou um violento conflito, retomou suas atividades no início deste ano e tem confrontado as forças de segurança nacionais em Kivu do Norte.

O M23 é suspeito, inclusive, de envolvimento na queda de um helicóptero que matou oito integrantes da Monusco (missão de paz da ONU na RD Congo) no dia 28 de março.

Entretanto, de acordo com o coronel Charles Omeanga, os militares seguem igualmente focados no combate aos jihadistas. Ele pediu aos moradores da região que mantenham a calma porque os “rebeldes da ADF estão sendo perseguidos”.

Soldados da República Democrática do Congo em combate a terroristas na província de Ituri, ao leste do país, em fevereiro de 2015 (Foto: Divulgação/Monusco)
Por que isso importa?

A ADF é uma organização paramilitar ugandense acusada de estar por trás de milhares de mortes nos últimos anos. O grupo nasceu em 1995, como oposição ao presidente Yoweri Museveni, e tem atuando majoritariamente em áreas remotas. Com o tempo, a facção ultrapassou as fronteiras de Uganda e passou a agir também na RD Congo.

No começo de maio de 2021, o governo congolês decretou lei marcial em Kivu do Norte e na província vizinha de Ituri, de modo a estancar a violência atribuída ao grupo rebelde. Porém, o número de civis mortos só cresceu.

Cerca de três meses depois, em agosto, o atual presidente congolês Felix Tshisekedi declarou que forças especiais dos Estados Unidos seriam enviadas à região a fim de estudar a viabilidade de instalação de uma unidade antiterrorismo para o enfrentamento da violência islâmica.

A ADF foi colocado na lista de sanções financeiras por Washington, classificada como terrorista. A organização declarou publicamente ser um braço do Estado Islâmico (EI), que por sua vez assumiu a responsabilidade por alguns de seus ataques. O grupo é acusado de realizar massacres, sequestros e saques, com um número de mortos estimado em milhares.

Tshisekedi afirmou recentemente, em maio deste ano, que “não tem dúvidas” quanto ao apoio do governo de Ruanda aos rebeldes da ADF. Ainda assim, diz que está disposto a dialogar e manter relações cordiais com a nação vizinha.

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