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quinta-feira, 30 de junho de 2022

Proeminente advogado russo é preso após criticar ataque a shopping na Ucrânia

A Justiça da Rússia determinou a prisão preventiva do proeminente advogado Dmitry Talantov, que preside a ordem dos advogados da Udmúrtia, região a oeste dos Montes Urais. Ele foi detido na quarta-feira (29) em virtude de críticas feitar à guerra na Ucrânia. As informações são da rede Radio Free Europe.

“Peço para informar a todos da minha detenção”, disse Talantov em sua conta no Facebook, explicando que não poderia fazer um texto mais longo devido ao uso de algemas. Uma corte de Moscou determinou que siga preso ao menos até a audiência pré-julgamento do dia 21 de agosto.

O caso do advogado foi inserido na lei que pune quem “desacredita o uso das forças armadas“. Na segunda-feira (27), ele criticou o ataque atribuído a tropas russas contra um shopping center da cidade de Kremenchuk, leste ucraniano. “O horror de hoje em Kremenchuk também faz parte da desnazificação? Ou é fascismo?”, disse ele também no Facebook.

O perfil do advogado na rede social norte-americana, que até a manhã desta quinta-feira (30) era aberto a todos, teve as configurações de privacidade alteradas durante a produção desta reportagem. Agora, somente amigos têm acesso aos posts de Talantov.

Dmitry Talantov, advogado russo preso por criticar a guerra na Ucrânia (Foto: reprodução/Facebook)
Crime de traição

Talantov é advogado do jornalista russo Ivan Safronov, acusado de traição por supostamente repassar à inteligência da República Tcheca dados sobre a venda de armas pelo governo russo na África e no Oriente Médio. A Justiça alega que ele teria recebido em troca dos tais segredos militares US$ 248 (cerca de R$ 1,3 mil, em valores atuais). Ele diz que as acusações são politicamente motivadas.

O jornalista, que por muito tempo trabalhou na cobertura de assuntos de segurança, posteriormente ocupou o cargo de assessor de Dmitry Rogozin, antigo chefe da Roscosmos, a agência aeroespacial russa. Ivan Pavlov, antigo advogado dele, também passou a ser investigado pelas autoridades russas e deixou o país. Hoje vive na vizinha Geórgia, cujo governo faz oposição a Moscou.

Por que isso importa?

Na Rússia, contestar as ações do governo já não era uma tarefa fácil antes da eclosão da guerra na Ucrânia. Desde a invasão do país vizinho por tropas russas, no dia 24 de fevereiro, o desafio dos opositores do presidente Vladimir Putin aumentou consideravelmente, com novos mecanismos legais à disposição do Estado e o aumento da violência policial para silenciar os críticos.

Uma lei do início de março, com foco na guerra, pune quem “desacredita o uso das forças armadas”. Pela nova legislação, os detidos têm que pagar multas que chegam a 300 mil rublos (R$ 16,9 mil). A pena mais rigorosa é aplicada por divulgar “informações sabidamente falsas” sobre o exército e a “operação militar especial” na Ucrânia, eufemismo usado pelo governo para se referir à guerra. A reclusão pode chegar a 15 anos.

Os mortos de Putin

Desde que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com inúmeros eventos, que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia.

Na conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso, ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a invasão à Ucrânia que colocou o mundo em alerta.

A Referência organizou alguns dos principais incidentes associados ao líder russo. Relembre os casos.

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