Uma adolescente de 19 anos foi acusada de homicídio, no Zimbábue, mesmo sob a alegação de que cometeu o crime em legítima defesa, com o único intuito de se livrar de uma tentativa de estupro. As informações são do jornal britânico The Guardian.
Tariro Matutsa alega que estava cozinhando em um fogão a lenha quando foi atacada por Sure Tsuro, que tentou estuprá-la. Para se defender, a jovem pegou um pedaço de lenha em chamas e atingiu o estuprador na cabeça e no tronco. Tsuro conseguiu fugir, mas foi encontrado morto no dia seguinte.
“Este é mais um exemplo de como as mulheres são vistas como objetos do prazer sexual masculino e devem servir ao bem-estar geral dos homens no Zimbábue”, disse a escritora Tsitsi Dangarembga, cujas obras destacam a luta das mulheres na sociedade patriarcal do Zimbábue. “Mesmo quando uma mulher se defende de um homem cuja intenção é violá-la sexualmente, espera-se que ela coloque o bem-estar dele antes do dela”.
Duas entidades diferentes, Associação de Mulheres Advogadas do Zimbábue e WLSA (Mulheres e Leis na África Austral, da sigla em inglês) ofereceram representação legal a Matutsa. Em nota, alegaram que a jovem “agiu em legítima defesa e não pretendia cometer assassinato”. Ela passou uma semana detida e depois foi libertada sob fiança, mas terá que voltar ao tribunal em 23 de julho.
O caso não é o primeiro a atrair a atenção para a rotina de opressão contra as mulheres no Zimbábue. Em fevereiro de 2016, Benhilda Dandajena, uma empregada doméstica cega, usou uma faca para matar um homem que tentou estuprá-la. Condenada pela Justiça, ela teve que cumprir metade da pena de três anos de detenção que lhe foi imposta.
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