A ONG Komanda 29 (Equipe 29, em tradução literal), formada por advogados e jornalistas defensores dos direitos humanos, decidiu encerrar suas atividades devido à forte pressão exercida por Moscou. O grupo era considerado uma ameaça por investigar casos associados à FSB (Agência de Segurança Federal, da sigla em inglês), segundo a Radio Free Europe (RFE).
A Procuradoria-Geral russa baseou sua acusação numa suposta associação da Komanda 29 com a ONG Společnost Svobody Informace (Sociedade Pela Liberdade de Informação, em tradução literal), da República Tcheca, que foi listada por Moscou como uma “organização indesejável“. Assim, qualquer entidade associada a ela cai na ilegalidade na Rússia.
Embora negue qualquer relação com a ONG tcheca, a Komanda 29 alega que não tem condições de travar uma batalha com a Justiça russa para confirmar sua alegação, pois colocaria a equipe em risco. O site do grupo já foi tirado do ar pelas autoridades russas.
“O próximo passo no ataque contra nós pode ser o processo criminal contra os membros do Komanda 29 e seus apoiadores”, diz um comunicado em russo postado na rede social Telegram. “O trabalho contínuo da Komanda 29 cria uma ameaça clara e direta à segurança de um grande número de pessoas. Não podemos ignorar esse risco”.
Espionagem e traição
A perseguição à Komanda 29 se intensificou em abril, quando Pavlov foi preso sob acusação de divulgar segredos de Estado. Segundo Yevgeny Olenichev, advogado da ONG, a pressão de Moscou só aumentou nos últimos meses, e atualmente tornou-se “muito perigoso continuar trabalhando como antes”.
Quando Pavlov foi preso, a advogada Irina Biryukova disse que “ele tem sido um osso atravessado na garganta das agências de segurança“.
Olenichev reforçou essa ideia ao revelar que o grupo vinha investigando cerca de 25 casos, vários deles envolvendo traição e espionagem no alto escalão do governo. A ONG também tentava acessar arquivos da FSB com informações sobre a repressão política e outros crimes do governo da União Soviética durante as décadas de 1930 e 1940.
“Em muitas áreas tivemos bons resultados, e eles chamaram a atenção das autoridades”, disse Olenichev, que destaca a intenção da ONG de “limpar o setor público” em preparação para as eleições parlamentares de setembro.
Também pesou contra a Komanda 29 a ligação do líder da entidade, Ivan Pavlov, com Alexey Navalny, opositor do presidente Valdimir Putin e atualmente preso na Rússia, segundo a agência Reuters. Pavlov foi advogado de Navalny e atuou na defesa de outras pessoas ligadas a ele e também perseguidas pelo governo Putin.
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