Tropas regulares russas estão estacionadas na Líbia, perto da base aérea de Jufra, revelou a Fundação para a Democracia e Direitos Humanos (DHRF, da sigla em inglês) na última sexta-feira (23), após obter imagens aéreas. As informações foram divulgadas pelo jornal libanês The Lybia Observer.
A revelação ocorre no momento em que a ONU (Organização das Nações Unidas) pede às forças estrangeiras e aos mercenários do Wagner Group que se retirem do país devastado pela guerra. A fundação, sediada nos Estados Unidos, acusa Moscou de fazer o contrário.
“A presença dessas tropas torna claro que a Rússia não tem qualquer intenção de deixar a Líbia em breve”, disse a DHRF.
A ONG adverte que o destacamento das forças armadas russas, juntamente com mercenários da organização Wagner – presente no país desde 2017 -, é uma clara escalada e representa ameaça para a segurança nacional da Líbia, dos Estados Unidos e da União Europeia (UE).
“Não haverá um futuro democrático e de respeito pelos direitos humanos numa região onde Putin mantém bases militares, troca o seu poder de veto por influência e se envolve na sabotagem eleitoral”, disse o líder da DHRF, Emadeddin Muntasser.
A fundação teve acesso a fotografias aéreas da localização das tropas e enviou cópias a autoridades líbias, aos EUA, à UE e ao Reino Unido. Além dos registros confidenciais, a DHRF enviou um apelo ao governo líbio e à comunidade internacional para que enfrente a “ameaça” russa e impeça que a Líbia se torne uma segunda Síria.
A Rússia nega cooperação com o Wagner Group, embora diversos relatórios de campo mostrem o contrário.
O prazo para a saída de mercenários estrangeiros da Líbia sob o cessar-fogo assinado na Suíça em outubro passado acabou em janeiro, mas os apelos para acelerar o processo continuam.
Embargo violado
No ano passado, em violação ao embargo de armas imposto à Líbia, a Rússia intensificou sua rede de apoio logístico por meio da empresa de mercenários Wagner Group, com forte proximidade ao Kremlin.
Segundo observadores, o governo russo aumentou desde janeiro de 2020 suas operações logísticas na guerra civil líbia por meio do Wagner Group (que na época tinha 1.200 homens no país) e outras empresas privadas de mercenários baseadas na Federação Russa.
A Rússia apoia o marechal Khalifa Haftar, que domina a porção leste do país com seu Exército Nacional Líbio. A porção oeste, que inclui a capital Trípoli, está nas mãos do Governo de Acordo Nacional, reconhecido pela maior parte da comunidade internacional.
Há também indícios de um suposto financiamento dos Emirados Árabes Unidos a mercenários russos na Líbia, relatados por um órgão de vigilância do Pentágono em dezembro.
Rica em petróleo, a Líbia está mergulhada em confrontos violentos desde a queda do autocrata Muammar Khadafi, em 2011. As forças rebeldes ganharam terreno na disputa em abril de 2019, na tentativa fracassada de Haftar de tomar a capital, Trípoli.
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