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sábado, 31 de julho de 2021

Taleban admite assassinato de policial e aumenta temor de vingança contra afegãos

O Taleban assumiu, na quinta-feira (29), a responsabilidade pela morte de um agente da polícia nacional afegã que também era popular por vídeos cômicos publicados na rede social TikTok. Nazar Mohammad, popularmente conhecido como Khasha Zwan, teria sido morto por atuar como policial, o que alguns talibãs entendem como traição, informa a agência qatari Al Jazeera.

Um vídeo exibido no Twitter mostra o momento em que Mohammad é retirado de casa, na província de Kandahar, pelos talibãs antes de ser morto a tiros. Ele aparece no centro do banco de um automóvel, ladeado por dois jihadistas armados, e em determinado momento é agredido por fazer piada com os raptores.

O porta-voz do Taleban, Zabihullah Mujahid, admitiu que os dois homens eram membros do grupo jihadista, mas sugeriu que eles não seguiram ordens e, por isso, serão julgados. De acordo com Mujahidm, o policial deveria ter sido preso e levado a um tribunal talibã.

A morte aumenta o temor de que o Taleban esteja à caça de afegãos que atuem ou tenham atuado com as forças nacionais de segurança durante o período de ocupação do país pelas forças dos EUA e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). As tropas estrangeiros estão sendo evacuadas do Afeganistão, em processo que tem previsão para ser concluído em 11 de setembro.

Vistos especiais

Quem também teme represálias por parte do Taleban são os milhares de afegãos que trabalharam como intérpretes para as forças estrangeiras nos últimos 20 anos. Pelo menos 18 mil cidadãos já solicitaram vistos especiais para deixar o país, disse a embaixada dos EUA em Cabul.

Soldado britânico conta com o suporte de um tradutor para conversar com um afegão (Foto: Jeffrey Duran/ US Army/Flickr)

Um número incerto de afegãos foi reassentado nos países para os quais trabalharam, e 2,5 mil tiveram seus pedidos aprovados pelos EUA para receber os vistos especiais de imigração. Na sexta-feira (30), desembarcou em Washington o primeiro voo com um grupo nessa situação. São 221 afegãos, incluindo 57 crianças e 15 bebês, segundo a Al Jazeera.

O presidente Joe Biden emitiu um comunicado no qual classificou o desembarque como “um marco importante à medida que continuamos a cumprir nossa promessa aos milhares de cidadãos afegãos que serviram ombro a ombro com tropas americanas e diplomatas nos últimos 20 anos no Afeganistão”.

Ainda segundo Biden, todos os afegãos que chegaram a Washington passaram por verificação de segurança dos serviços de inteligência do país, e agora “concluirão as etapas finais de seus pedidos de visto e exames médicos necessários em Fort Lee, na Virgínia, antes de viajar para iniciar suas novas vidas nos Estados Unidos”.

No Brasil

Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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