A presença de frotas pesqueiras chinesas no sul do Oceano Pacífico tem causado impactos ambientais e gerado preocupação sobre a atividade exercida ilegalmente na América do Sul. As informações são da Borgen Magazine, veículo que aborda pobreza e direitos humanos.
Após secar suas fontes de pesca na China, as embarcações têm rumado às águas do Pacífico Sul, ao longo da costa oeste sul-americana. Somente entre julho e agosto de 2020, cerca de 300 barcos pesqueiros chineses registraram mais de 73 mil horas de atividade em uma região próxima às Ilhas Galápagos – Zona Econômica Exclusiva (ZEE) equatoriana -, número que representa 99% da pesca naquela área.
Tais operações vêm contribuindo para a redução da população de peixes, perda da biodiversidade e destruição de habitats marinhos, fatores que resultaram na queda de produtividade do setor. Para proteger a economia local e os ecossistemas, vários países do continente somam esforços para combater a atividade ilegal chinesa em suas águas.
Peru e Chile também sofrem com a entrada de pesqueiros ilegais em suas ZEEs e denunciam que as embarcações chinesas desligam radares para pescar em águas protegidas sem regulamentação.
A frota chinesa persegue principalmente lulas. Segundo uma associação de pescadores no Peru, 50 mil toneladas do molusco foram capturadas em águas peruanas.
Impactos econômicos
Os pesqueiros chineses são responsáveis pela maior fatia de pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (da sigla em inglês IUU – illegal, unreported and unregulated fishing) em todo o mundo. Pesquisas apontam que ao menos 183 embarcações da frota de pesca em águas distantes (DWF, da sigla em inglês) da China têm participado de pesca IUU.
A ilegalidade leva a perdas econômicas para os governos, para a subsistência dos pescadores nativos e para as empresas da cadeia de abastecimento de pescado.
A conta é simples: ao retirar renda dos mercados locais e dos pescadores, a pobreza aumenta nessas regiões. E os países menos desenvolvidos são mais vulneráveis devido à falta de recursos para combater e monitorar a pesca de forma eficaz.
Estima-se que 24% das capturas marinhas do Oceano Pacífico não são declaradas a cada ano. Destes, 50% são comercializados ilegalmente, causando de US$ 4,3 a US$ 8,3 bilhões em perdas de receitas diretas.
Enfrentamento
A pesca ilegal na América do Sul tem sido fortemente criticada no mundo. Em resposta, a China afirma ter implementado novas políticas e regulamentações, se comprometendo em ter postura mais forte em relação à sustentabilidade, à proteção dos oceanos e ao cumprimento dos regulamentos internacionais de pesca.
Países latinos vêm se esforçando para resolver este problema. Panamá, Equador, Chile, Peru, Costa Rica e Brasil apoiam o aumento da transparência e do monitoramento através de dados abertos.
Em apoio, os Estados Unidos forneceram aos países sul-americanos quase 50 barcos desde 2015. Além disso, Washington afirma que planeja enviar 15 equipes de treinamento.
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