As relações entre Rússia e Estados Unidos se aproximam de um “perigoso limite confrontativo”. A constatação é do Ministério das Relações Exteriores russo, que promete responder no mesmo tom à eventual hostilidade direcionada ao país por Washington, segundo informações da agência estatal russa Tass.
“Foi observado durante a discussão que as relações bilaterais haviam se aproximado de um perigoso limite confrontativo por culpa de Washington, que provocou uma escalada sem precedentes entre nossos Estados nos últimos anos”, diz um comunicado emitido pelo Kremlin nesta quarta-feira (21), após reunião da cúpula ministerial liderada pelo principal diplomata russo, Sergey Lavrov.
A Rússia alega que tem sofrido uma pressão “sem precedentes” dos EUA, que inclusive puxam seus aliados para dentro do problema. O comunicado ainda acusa Washington de introduzir “um forte componente ideológico” no impasse, violando “flagrantemente o direito internacional.
Apesar do tom, Moscou deu a entender que uma aproximação entre os dois países é possível e começou a se desenhar no encontro entre os presidentes Vladimir Putin e Joe Biden em Genebra, na Suíça, no dia 16 de junho. “Naturalmente, tal cooperação só poderia ter sucesso sob a condição de adesão aos princípios de respeito mútuo, igualdade e não interferência nos assuntos internos”, diz o Ministério.
Ataques cibernéticos
Entre os temas espinhosos que têm gerado atrito destaca-se a questão digital. Os EUA insistem que a Rússia está por trás de ataques cibernéticos empreendidos por grupos hackers contra governos e empresas ocidentais, acusação refutada por Moscou. Washington chegou a impor sanções financeiras a empresas acusadas de ligação com os hackers.
No ataque mais recente, hackers russos do grupo REvil exigiram US$ 70 milhões em bitcoin para restabelecer os dados roubados de centenas de empresas em diversos países. Semanas antes, no final de junho, o alvo foi a Microsoft, que teve seu sistema invadido através do suporte ao cliente. Até mesmo os dois principais partidos políticos dos EUA, o Republicano e o Democrata, foram alvos de ataques, em julho deste ano e em 2016, respectivamente.
Em maio, a Microsoft já havia relatado ataques do grupo Nobelium contra 150 agências governamentais, think tanks, consultores e organizações não-governamentais nos EUA, bem como em mais de 20 países. De acordo com as autoridades norte-americanas, os hackers estão ligados ao SVR (Serviço de Inteligência Estrangeiro, da sigla em russo) da Rússia.
SolarWinds
A Microsoft diz que o o grupo Nobelium também realizou o sofisticado ataque hacker à empresa de softwares SolarWinds, em 2017, atingindo inclusive o governo dos Estados Unidos.
Entre 2015 e 2018, ataques promovidos por seis hackers russos causaram um prejuízo de mais de US$ 10 bilhões no mundo. Além de prejudicar empresas e redes elétricas na Europa, eles também estariam envolvidos em roubo de identidade e conspiração para fraude.
Uma das campanhas teria ocorrido em 2017, quando hackers invadiram uma rede elétrica ucraniana e vazaram informações para tentar interferir nas eleições francesas, apontam as acusações.
A dinamarquesa Maersk, do setor de logística, teve toda a sua operação prejudicada após um colapso na rede causado pelo malware impulsionado pelos russos. Outras empresas como a norte-americana FedEx, de transporte e remessas, e a farmacêutica alemã Merck também registraram prejuízos bilionários após invasões de sistemas digitais.
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