A Justiça chinesa condenou o magnata agrícola Sun Dawu a 18 anos de prisão, nesta quarta-feira (28), por uma série de crimes. Entre eles, “causar problemas”, segundo a rede France 24.
Além da justificativa genérica usada com frequência contra opositores na China, o tribunal alegou que Sun é culpado por “reunir uma multidão para atacar órgãos do Estado” e “obstruir a administração do governo”. Sun também foi multado em 3,11 milhões de yuan (cerca de 475 mil dólares).
O julgamento teve início na semana passada. Na avaliação da defesa do empresário de 67 anos, a sentença se trata de um caso emblemático pela forma como o regime comunista percebe os poderosos magnatas do setor privado.
Em um comunicado dos advogados de Sun, os defensores denunciaram que a realização sigilosa da audiência “viola as diretrizes gerais e não garante os direitos de defesa do acusado”.
Disputa de terra
Depois que teve sua firma envolvida em uma disputa de terra com um concorrente estatal, Sun Dawu foi preso em novembro de 2020 junto com 19 parentes e associados comerciais.
Tido como um carismático empreendedor, com apoio da esposa e a partir da criação de alguns poucos frangos e porcos no início dos anos 80, Sun construiu a Dawu Agricultural, uma das maiores empresas agrícolas de toda a China e que emprega 9 mil pessoas.
Ele também foi um firme defensor das reformas rurais e, diante da morosidade das autoridades locais, denunciou o devastador surto de gripe suína em 2019, publicando fotos de animais mortos.
O negócio capitaneado por Sun é um dos líderes do setor agrícola no norte da China. Ele também abriu escolas e hospitais.
O bilionário chinês já havia sido condenado à prisão por “financiamento ilegal” em 2003. No entanto, a sentença foi anulada depois que organizações de defesa dos direitos humanos e sociedade impulsionaram uma grande onda de apoio.
Voz dissonante
Sun Dawu é conhecido também por ser uma voz crítica contra as políticas rurais. Entre suas bandeiras, a liberdade de agricultores para se organizem na proteção de seus interesses econômicos.
A sentença desta quarta-feira é uma das mais severas impostas nos últimos anos contra um crítico do poder chinês, só comparada ao caso do bilionário e magnata do mercado imobiliário, Ren Zhiqiang, que também pegou 18 anos de prisão.
Os outros condenados receberam sentenças que variam de 15 meses a 12 anos de detenção, incluindo a esposa e dois filhos do empresário.
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