As forças rebeldes que dominam a região de Tigré, na Etiópia, continuam a ganhar território em direção ao sul. Enquanto isso, na terça-feira (27), a capital nacional Adis Abeba foi palco de um grande desfile militar, no qual milhares de jovens combatentes se despediram antes de iniciarem um treinamento no norte do país, segundo a agência Reuters.
As tropas nacionais buscam se fortalecer para o iminente combate com os rebeldes, que invadiram Afar há uma semana e agora ganham território em Amhara, duas regiões que fazem fronteira com Tigré.
No domingo (25), foi emitida uma convocação para que “todos os jovens” de Amhara peguem em armas e se juntem às forças locais e nacionais na defesa da região.
“Apelo a todos os jovens da região, de milícias ou não, armados com qualquer arma do governo, armados com armas pessoais, para se juntarem à missão de guerra contra a TPLF (Frente de Libertação do Povo Tigré)”, disse Agegnehu Teshager, presidente do governo regional de Amhara.
A convocação vem em resposta à alegação da TPLF de que já dominou a cidade de Adi Arkay. Martha Abebaw, residente local, confirmou a informação. Ela disse que deixou sua casa no final da última semana e que, desde então, não mais conseguiu falar com seus familiares.
De acordo com o site local Garowe Online, o principal objetivo da TPLF ao invadir as regiões vizinhas é cortas as principais rotas de abastecimento de Adis Abeba, assim bloqueando a exportação e a importação e sufocando financeiramente o governo.
Histórico do conflito
Tigré está imersa em conflitos desde novembro, quando disputas eleitorais levaram Addis Abeba a determinar a tomada das instituições locais. Em meio aos confrontos entre a TPLF e as forças etíopes, a região enfrenta uma campanha que gera fome e violência e já deteriorou as condições de vida de cinco milhões de civis.
As forças nacionais chegaram a reconquistar Tigré, mas os rebeldes viraram o jogo e foram ganhando território. No final de junho, eles anunciaram um processo de “limpeza” para retomar integralmente o controle da região e assumiram o comando de Mekelle, a capital regional.
Pouco após a derrota dos militares, o governo da Etiópia decretou um cessar-fogo e deixou Tigré. Os soldados do exército da Eitreia, que apoia Addis Abeba, também não eram vistos na região desde o cessar-fogo. Agora, os rebeldes têm avançado rumo às províncias vizinhas de Afar e Amhara.
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