O governo russo, através da Procuradoria Geral federal, anunciou na última semana que a Faculdade Bard, dos Estados Unidos, foi incluída na lista de “organizações estrangeiras indesejáveis”. A decisão coloca fim à parceria estabelecida em 1994 com a SPSU (Universidade Estadual de São Petesburgo, da sigla em inglês), que garantia aos formandos dois diplomas e abria portas para um intercâmbio estudantil. As informações são da Radio Free Europe (RFE).
“Fiquei chocado. Trabalhamos em colaboração com nossos colegas russos por mais de 25 anos”, disse Leon Botstein, presidente da Bard. “Trabalhamos totalmente de boa-fé na construção de um programa educacional e tivemos um sucesso notável”.
A decisão foi anunciada menos de duas semanas antes da formatura da Smolny, a Faculdade de Artes e Humanidades da SPSU. Os alunos foram pegos de surpresa. “Todo mundo está chateado”, disse a formanda Liza Skorobogatova, que planejava continuar seus estudos nos EUA. “Um diploma da Bard teria tornado mais fácil obter admissão no exterior”.
A Procuradoria Geral disse, em sua decisão, que a parceria é “uma ameaça aos fundamentos da ordem constitucional da Rússia”. Nove dias depois, o Ministério da Justiça formalizou a inclusão da faculdade na lista de organizações estrangeiras indesejáveis, tornando qualquer envolvimento com a instituição um crime em potencial.
“Não passa de uma paranoia autodestrutiva do Estado. É inexplicável”, afirmou Daniil Kotsyubinsky, professor na Smolny. “Para os alunos, essa decisão é humilhante. Como devemos contar a eles sobre o grande país em que vivem? Isso é o que eu gostaria de perguntar àqueles que tomam essas decisões”.
Entre as 40 organizações listadas pela Rússia como “indesejáveis”, metade é dos Estados Unidos. A Bard, porém, é a primeira instituição educacional, num momento em que cresce a tensão entre Washington e Moscou, com o governo Putin apertando o cerco contra opositores e a imprensa independente.
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