Um estudo coordenado por agências da ONU (organização das Nações Unidas), divulgado nesta quinta-feira (15), mostra que o acesso de crianças a vacinas em 2020 foi o mais baixo desde 2009 no mundo todo. No total, 17 milhões de crianças não tiveram acesso a qualquer tipo de imunização.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) e o Unicef (Fundo da ONU para a Infância) realçam que os novos dados sobre interrupções do serviço global mostram como a maioria dos países teve quedas nas taxas de vacinação infantil na pandemia em 2020.
Grande parte destes menores vive em comunidades afetadas por conflitos, em locais remotos com poucos serviços ou em ambientes e assentamentos informais. Nestes lugares, eles passam por privações, como acesso limitado a serviços básicos de saúde e sociais.
Possíveis surtos
O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, diz que, com os países buscando vacinas contra a Covid-19, há um retrocesso nos outros tipos de vacinação, e o consequente risco de surtos catastróficos para as comunidades e sistemas de saúde, citando doenças como sarampo, poliomielite ou meningite.
Segundo Ghebreyesus, é “mais urgente do que nunca investir na vacinação infantil e garantir que todas as crianças sejam alcançadas”. As regiões mais afetadas pelas interrupções nos serviços de imunização, segundo ele, foram o Sudeste Asiático e o Mediterrâneo Oriental.
Com a limitação no acesso aos serviços de saúde e no alcance da imunização, o número de crianças que não recebiam nem mesmo as primeiras vacinas subiu em todo o mundo.
Mais 3,5 milhões perderam sua primeira dose da vacina contra difteria, tétano e coqueluche em comparação com 2019. Mais 3 milhões de crianças perderam sua primeira dose de sarampo.
A diretora executiva do Unicef, Henrietta Fore, destaca que os novos resultados são um aviso claro de que a Covid-19 e as interrupções associadas à crise formam um campo valioso que não se pode perder. Para ela, a pandemia piorou uma situação em que havia sinais preocupantes de perda de terreno para imunizar crianças contra doenças infantis evitáveis, inclusive com os surtos de sarampo generalizados, há dois anos.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News
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