Em Amboasary, na ilha africana de Madagascar, os únicos alimentos que sobraram após três anos de seca são poucas frutas e cactos. Para driblar a fome, mães tentam alimentar os filhos com uma mistura de mangas verdes, tamarindos e argila.
“Não temos nada além do que encontramos ao nosso redor, como os cactos”, relatou uma mãe à Associated Press. A situação cada vez mais crítica causada pela seca, que já se prolonga por três anos, também afeta o comportamento das crianças.
Com pernas finas e barrigas acentuadas – sintomas tópicos da desnutrição –, as crianças já deixaram de brincar e passam o dia sob as árvores. Três em cada quatro crianças já deixaram de ir à escola no distrito de Amboasary, epicentro da crise a apenas 700 quilômetros da capital Antananarivo.
Além da seca, a população empobrecida ainda está à mercê do abandono histórico do governo e a pandemia da Covid-19. O Programa Mundial de Alimentos classificou a situação como um “desastre humanitário”.
A falta de chuva impede que qualquer cultura cresça na região e já não há mais produtores de gado. “Todos são roubados”, relataram agricultores. Estima-se 1,5 milhão de pessoas carecem de ajuda alimentar com urgência na ilha.
“Estamos acostumados com a fome, mas desta vez é demais”, disse uma mulher. Quatro de seus 14 filhos morreram de fome entre junho e julho.
Segundo Theodore Mbainaissem, diretor do programa da ONU (Organização das Nações Unidas), a extensão da crise pegou as agências humanitárias de surpresa. “Não há qualquer recurso para enfrentá-la”, afirmou.
Alimentos já foram distribuídos, mas o montante ainda é insuficiente. Segundo Mbainaissem, os recursos disponíveis atendem a apenas meio milhão de pessoas até o final do ano. A organização já mobiliza mutirões para recolhimento de doações.
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