O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, da sigla em inglês), um think tank de defesa com sede nos EUA, fez na segunda-feira (26) uma análise da entrevista do presidente russo Vladimir Putin para a mídia estatal no dia de Natal. Segundo o diagnóstico, a mais recente retórica vinda do Kremlin em relação à guerra na Ucrânia sugere que o líder está “provavelmente preocupado” com a falta de apoio entre as elites russas. As informações são da revista Newsweek.
Em seu discurso, Putin disse que 99,9% dos russos “estão prontos para sacrificar tudo pela Pátria”. Porém, definiu o percentual de cidadãos que não apoiam a guerra como não sendo “verdadeiros patriotas”, o que pode ser interpretado como um recado enviado a alguns oligarcas poderosos e sua falta de fervor pelo conflito, que completou dez meses no último dia 24.
“Não há nada de surpreendente no fato de algumas pessoas não agirem como verdadeiros patriotas”, disse ele, segundo a agência de notícias estatal Tass. “Porque em qualquer sociedade sempre há pessoas que pensam em seus próprios interesses, ou seja, em seus próprios planos. Para ser honesto, não os julgo. Cada pessoa tem liberdade de escolha”.
Há um pequeno grupo de oligarcas que entrou em rota de colisão com Putin e se arriscou a criticar a incursão militar no país vizinho. Recentemente, um deles, o magnata Oleg Deripaska, que chamou a guerra de “loucura”, teve seu complexo hoteleiro de US$ 1 bilhão e sua marina na cidade de Sochi apreendidos após o Kremlin ter pedido a ele para “se acalmar” e cessar as críticas ao conflito.
Para o ISW, as “críticas instantâneas de Putin a alguns membros da sociedade sugerem que ele está focado naqueles que não apoiam totalmente a guerra, e não naqueles que a apoiam”.
A análise do feita pelo think tank ainda observou que o chefe do Kremlin fez comentários semelhantes na semana passada, quando afirmou que os empresários que drenam o dinheiro da Rússia no exterior representam um “perigo” para o país.
O ISW também observou que Putin “não se ofereceu para negociar com a Ucrânia em 25 de dezembro, ao contrário de algumas reportagens”. Recentemente, em coletiva de imprensa, o presidente russo afirmou que estaria buscando “uma solução rápida para a guerra”. A declaração foi dada um dia após a visita do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky à Casa Branca, onde se encontrou com o homólogo norte-americano Joe Biden.
“Putin não afirmou explicitamente que a Rússia estava pronta para negociar diretamente com a Ucrânia, em vez disso manteve sua falsa narrativa de que a Ucrânia – que ele simplesmente chamou de ‘o outro lado’ – violou os esforços diplomáticos pré-invasão da Rússia”, escreveu o ISW.
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