Um ataque realizado pelo Estado Islâmico (EI) na segunda-feira (26) levou à morte de seis integrantes das Forças Democráticas Sírias (FDS), uma coalizão de milícias curdas apoiada pelo governo dos EUA no país do Oriente Médio. As informações são da agência Associated Press (AP).
De acordo com Mazloum Abdi, comandante das FDS, uma célula do EI atacou um complexo militar na cidade de Raqqa, matando seis combatentes curdos e deixando um número não especificado de feridos. Segundo ele, a ação foi preparada cuidadosamente pelos extremistas, que pareciam ter informações detalhadas sobre o local atacado.
A ação foi liderada por dois terroristas suicidas que detonaram bombas levadas junto ao corpo, atingindo um posto de controle e estações de vigilância da milícia. Depois teve início uma troca de tiros, que terminou com a morte de um insurgente a prisão de outro, além das vítimas entre os combatentes das FDS.
De acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, grupo britânico de monitoramento que conta com informantes no país árabe, o estabelecimento atacado sediava uma unidade antiterrorismo e uma prisão onde são mantidos cerca de 200 integrantes do EI.
O ataque ocorre em meio a uma nova onda de operações militares conduzidas pelo governo da Turquia no nordeste da Síria, que as FDS dizem atrapalhar o combate à organização terrorista.
Na semana passada, o Comando Central (CENTCOM) das forças armadas norte-americanas anunciou a prisão, durante operação conduzida na Síria, de seis suspeitos de integrar o EI, entre eles um “importante membro” do grupo extremista.
Na ocasião, o Observatório afirmou que quatro dos detidos eram peças importantes nas operações de compra de armas por parte do grupo extremista.
Por que isso importa?
A guerra civil na Síria, que já dura mais de 11 anos, opõe Rússia e Irã, aliados do presidente Bashar Al-Assad, à Turquia, que apoia os rebeldes do Exército Livre da Síria (ELS) na luta contra o governo. As FDS estão em um terreno obscuro, vez que seu principal inimigo é o EI, o que garante à milícia o suporte de Washington.
Ancara considera essa aliança um problema, porque classifica a YPG (Unidade de Proteção do Povo), ligada às FDS, como organização terrorista. A YPG é tida também como braço armado do PKK (Partido dos Trabalhadores Curdos), que por sua vez luta pela autonomia curda na Turquia.
Segundo o ministro da Defesa turco Hulusi Akarem, em 35 anos, a “campanha de terror” da milícia curda já matou mais de 40 mil civis e militares. O objetivo do governo é “exterminar o grupo”, disse ele.
Na guerra civil, a oposição apoiada pelos turcos e por líderes ocidentais exige a queda de Assad, a quem acusa de crimes contra a humanidade. Apoiadores de Assad, por outro lado, criticam o que consideram uma interferência de Washington com o intuito de derrubar o presidente.
Após sofrer duras perdas no início do conflito, Assad conseguiu reconquistar território graças à ajuda de seus aliados. A última região com forte presença da oposição armada inclui áreas da província de Idlib e partes das províncias vizinhas de Aleppo, Hama e Latakia.
Em 2020 foi estabelecida uma trégua intermediada por Rússia e Turquia. Ela inclui os rebeldes e as forças do governo, enquanto grupos extremistas como o EI não fazem parte do pacto.
Desde então, Ancara conseguiu consolidar sua influência no norte da Síria, o que inicialmente ajudou a evitar uma nova etapa de combates e controlou o fluxo de refugiados. Porém, nos últimos meses, o governo turco retomou as operações militares, gerando insatisfação dos dois lados, tanto dos EUA quanto da Rússia.
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