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quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Na mira das autoridades britânicas, diplomatas acusados de agressão retornam à China

Seis pessoas supostamente envolvidas na agressão a um manifestante de Hong Kong em Manchester, na Inglaterra, retornaram à China antes de serem interrogadas pelas autoridades britânicas. O governo local havia pedido a Beijing que abrisse mão da imunidade diplomática para que todos fossem ouvidos sobre o incidente, ocorrido no dia 16 de outubro. As informações são da rede CNN.

“Em resposta ao nosso pedido, o governo chinês removeu esses funcionários do Reino Unido, incluindo o próprio cônsul-geral”, disse na quarta-feira (14) o secretário de Relações Exteriores britânico, James Cleverly. “Isso demonstra que nossa adesão ao estado de direito e a seriedade com que encaramos essas instâncias surtiu efeito”.

No incidente, um manifestante pró-democracia que protestava em frente ao consulado foi arrastado para o pátio do edifício por membros do corpo diplomático chinês. Ele teria sido agredido enquanto um agente de polícia britânico tentava retirá-lo de lá.

Um vídeo do incidente que viralizou nas redes sociais mostra a confusão na calçada em frente ao portão de entrada, onde havia cartazes com a mensagem “Deus, destrua o Partido Comunista Chinês” (PCC).

O manifestante agredido, Bob Chan, integra um grupo pró-democracia chamado Força de Defesa Indígena de Hong Kong. Antes da agressão, ele liderava um manifestação organizada em frente ao prédio, ato que contestava o 20º Congresso Nacional do PCC, iniciado no mesmo dia em Beijing.

Chan relatou à época o que ocorreu: “Fui socado e chutado depois de ter sido puxado, tenho hematomas no rosto, tenho sangramento e inchaço, tenho cabelos arrancados da cabeça, tenho hematomas no pescoço, nas costas e tenho algumas dores nas costas”, contou.

Prédio do consulado da China em Manchester, na Inglaterra (Foto: WikiCommons)

Entre os agressores identificados por imagens de vídeo está Zheng Xiyuan, um veterano diplomata chinês e então servindo como cônsul-geral da China em Manchester. Na ocasião do ocorrido, ele justificou sua atitude dizendo que era seu “dever” proteger a dignidade chinesa. Ele é um dos que voltaram a Beijing.

O Ministério das Relações Exteriores da China, que saiu em defesa dos diplomatas envolvidos, descreveu os ativistas como “assediadores” que entraram ilegalmente no consulado, “colocando em risco a segurança das instalações diplomáticas chinesas”.

Ao comentar a volta do grupo à China, um porta-voz da embaixada chinesa em Londres afirmou que o governo britânico falhou em sua missão de proteger a equipe consular. Disse ainda que o retorno de Zheng ocorreu após o fim do mandato dele e é parte de uma “rotação normal de funcionários consulares chineses”.

“Foi uma provocação violenta e perturbadora deliberadamente encenada por elementos anti-China que agrediram nossos membros do consulado e invadiram ilegalmente as instalações do consulado, minando gravemente a segurança e a dignidade dos funcionários do consulado”, disse o porta-voz.

Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, também se manifestou e disse que seu país adotará “contramedidas fortes e enérgicas”, sem especificar quais seriam. “Pedimos ao Reino Unido que interrompa a manipulação política e garanta o funcionamento normal de nosso consulado-geral” no Reino Unido”, disse ele, segundo a agência Reuters.

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