Na quarta-feira (21), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, esteve na Casa Branca para um encontro com o homólogo norte-americano Joe Biden. O evento serviu para Washington reforçar a aliança com Kiev, que já rendeu cerca de US$ 45 bilhões em ajuda militar para as tropas ucranianas se defenderem da agressão da Rússia. O Kremlin, por sua vez, não cansa de contestar a parceira, e agora classificou o encontro como um “erro fatal” do líder ucraniano, segundo a revista Newsweek.
Durante a visita de Zelensky, os EUA anunciaram mais US$ 1,85 bilhão em ajuda militar à Ucrânia. Embora não tenha o poder de mudar o destino da guerra sozinho e também exija meses de treinamento antes de ser colocado em uso, o principal componente do pacote de armamentos é o avançado sistema de defesa antiaérea Patriot, de acordo com o jornal The Washington Post.
A simples possibilidade de que os EUA entregassem essa poderosa arma à Ucrânia já tinha levado o ex-presidente russo Dmitry Medvedev a falar em tom de ameaça. “Se, como sugeriu (o secretário-geral Jens) Stoltenberg, a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) fornecesse aos fanáticos ucranianos sistemas Patriot junto com o pessoal da Otan, eles se tornariam imediatamente um alvo legítimo de nossas forças armadas”, escreveu ele no aplicativo de mensagens Telegram em novembro.
Agora, com o pacote militar oficializado, a Rússia manteve a retórica. “O fornecimento de armas continua, a gama de armas fornecidas está se expandindo. Tudo isso, é claro, leva a um agravamento do conflito e, de fato, isso não é um bom presságio para a Ucrânia”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, na quarta-feira (21).
Por sua vez, o parlamentar russo Dmitry Belik, membro do Comitê de Assuntos Internacionais da Duma, a câmara baixa do parlamento, classificou o encontro entre Biden e Zelensky como um “erro fatal” do líder ucraniano. Segundo ele, a parceria interessa somente ao governo norte-americano, e é uma questão de tempo até que ele abandone o agora aliado.
“Todos os aliados dos Estados Unidos acabaram muito mal, ficando à margem, ou melhor, na lata de lixo da história. Isso vem acontecendo há centenas de anos”, disse Belik, segundo a agência de notícias estatal russa RIA Novosti. “Os americanos têm apenas um aliado: eles mesmos. Todo o resto são figuras secundárias que devem garantir sua prosperidade e que, se algo acontecer, podem ser traídos”.
Biden, porém, não dá qualquer sinal de que vá retroceder. Além do pacote de US$ 1,85 bilhão, ele anunciou uma lei que “tornará mais fácil para o Departamento de Defesa adquirir munições críticas e materiais de defesa para a Ucrânia e outros materiais importantes para fortalecer nossa segurança nacional”, segundo comunicado divulgado pela Casa Branca.
Em sua conta no Twitter, a Casa Branca também indicou que não planeja interromper o apoio ao aliado. “Os EUA apoiarão a Ucrânia pelo tempo que for necessário”, diz um post no qual confirmou também que será fornecida ajuda humanitária para apoiar os ucranianos atingidos pelo conflito.
Zelensky, por sua vez, destacou a importância da entrega do sistema Patriot. “Este é um passo muito importante para criar um espaço aéreo seguro para a Ucrânia. E essa é a única maneira de impedir que o país terrorista e seu ataque terrorista atinjam nosso setor de energia, nosso povo e nossa infraestrutura”.
Segundo o presidente da Ucrânia, o dinheiro norte-americano “não é caridade”. E acrescentou, de acordo com o jornal independente The Moscow Times: “É um investimento na segurança global e na democracia, com a qual lidamos da maneira mais responsável”.
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