Em sua mais recente norma de regulação da mídia, o governo da Somália solicitou que os veículos de comunicação locais enviem conteúdo para aprovação antes de ir ao ar. A determinação trouxe preocupação para a categoria, já que viola o princípio da liberdade de imprensa. As informações são da rede Voice of America (VOA).
A medida partiu do Gabinete de Comunicações do Presidente, que ordenou o envio das notícias às autoridades para avaliação prévia, segundo relataram inúmeros meios de comunicação da capital, Mogadíscio.
“O objetivo era a censura, porque instruir a mídia a enviar os itens é apenas destacar os itens que eles não gostam. Portanto, sua implementação é arriscada para a mídia somali e não pode ser implementado”, disse o diretor-gerente da Risaala Media Corporation, Mohamed Abdiwahab.
A intervenção estatal contra a liberdade de imprensa não é de agora. Jornalistas somalis têm sido advertidos há meses para que não publiquem conteúdo relacionado ao grupo extremista Al-Shabaab. A orientação dada aos veículos é para que se referiram ao grupo militante como “Khawarij”, que pode ser traduzido livremente como “aqueles que se desviam da fé islâmica”.
Com o apoio do exército norte-americano, das forças da União Africana (UA) e de milícias armadas locais a serviço do governo, o país está engajado em uma campanha militar contra o Al-Shabaab, que é vinculado à Al-Qaeda. Porém, os jornalistas dizem que as diretrizes sobre a cobertura do grupo “limitarão a liberdade de imprensa e podem colocá-los em risco de retaliação”.
“Isso terá um impacto nos jornalistas e na mídia e, se não for rejeitado, não haverá mídia ou jornalistas relatando a verdade”, disse o porta-voz do Sindicato dos Jornalistas da Somália, Mohamed Bulbul. “Não estamos prontos para trabalhar com o governo na implementação desta diretiva, mas estamos prontos para trabalhar com o governo de forma a melhorar a liberdade de expressão”.
A Somália é um país hostil para a profissão de jornalista. Segundo o Índice Global de Impunidade 2022 divulgado pelo Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ) no mês passado, considerando o número de assassinatos de jornalistas em relação à população, o país lidera o ranking de impunidade, posição que ocupa há oito anos. A nação africana é a única com mais de um crime desse tipo por milhão de habitantes.
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