Um grupo de especialistas em direitos humanos designados pela ONU (Organização das Nações Unidas) afirmou que pessoas com ascendência africana estão sujeitas a múltiplas formas de discriminação, xenofonia e racismo sistêmico na Austrália.
O Grupo de Especialistas em Pessoas Descendentes de Africanos diz que o racismo está ocorrendo em todas as esferas da “predominantemente branca” Austrália.
As conclusões foram divulgadas após uma visita de dez dias ao país, depois da qual os especialistas expressaram “sérias preocupações” com o que chamaram de “injúrias raciais, abuso de autoridade, policiamento em extremo, baixa proteção e violência, além de perfilamento racial”.
A presidente dos especialistas, Catherine Namakula, ouviu relatos de discurso de ódio e do uso de estereótipos raciais partindo de alguns políticos e da mídia na Austrália.
Uma pesquisa documentou a experiência de jovens australianos-africanos em escolas, sendo eles alvo de bullying racista. Um exemplo são os sul-sudaneses, que têm alto índice de prisão, detenção indefinida e problemas mentais, além de notificações de suicídio.
Os relatos de um racismo constante nos colégios e comunidades estão influenciando na forma de pertença e oportunidades das vítimas. Um dos peritos disse que muitos descendentes de africanos estão sendo classificados como não-cidadãos ilegais e levados para centros de detenção fora do país.
O grupo de trabalho recomendou às autoridades que acabem imediatamente com a prática de detenção, que é incompatível com a lei internacional dos direitos humanos.
Os peritos disseram que as experiências dos australianos de ascendência africana continuam sendo impactadas pelo passado colonial do país em relação ao Reino Unido. Eles citaram a política de migração da Austrália branca que foi desativada em 1973, mas cujo legado perdura e é sentido pelos povos originários, incluindo os aborígenes.
Eles pediram que todos os menores presos sejam descriminalizados e voltem para suas famílias e comunidades. E que é hora de ter uma política centrada na saúde pública, e que possa investigar as causas subliminares da delinquência juvenil.
O grupo visitou a capital Canberra e as cidades de Melbourne, Brisbane e Sydney. Eles devem apresentar um relatório ao Conselho de Direitos Humanos em setembro de 2023.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News
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