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terça-feira, 1 de novembro de 2022

UE cogita rotular Guarda Revolucionária Iraniana como organização terrorista

Sob a liderança da Alemanha, a União Europeia (UE) debate um pacote de sanções a serem impostas ao Irã, que incluiria classificar o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) como uma organização terrorista. A informação foi divulgada pela ministra alemã das Relações Exteriores, Annalina Baerbock, e reproduzida pela rede Voice of America (VOA).

Berlim anunciou na semana passada a imposição de sanções ao Irã de forma independente em relação à UE. Agora, debate um novo pacote de punições por parte do bloco. “Também estamos examinando como podemos listar a Guarda Revolucionária como uma organização terrorista”, disse Baerbock no domingo (30).

O debate ocorre em função da violenta repressão estatal aos protestos populares que tomaram as ruas do Irã após a morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que visitava a capital do país. Abordada pela “polícia da moralidade” por não usar “corretamente” o hijab, o véu obrigatório para mulheres, ela desmaiou quando estava sob custódia, entrou em coma e morreu três dias depois.

Parada de blindados do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica, do Irã (Foto: WikiCommons)

Os protestos começaram no Curdistão, província onde vivia Mahsa, e depois se espalharam por todo o país, com gritos de “morte ao ditador” e pedidos pelo fim da república islâmica.

As forças de segurança iranianas passaram a reprimir as manifestações de forma violenta, com relatos de dezenas de mortes. No sábado (29), Hossein Salami, chefe da IRGC, deu um ultimato aos cidadãos e exigiu o fim dos protestos, sugerindo que a repressão se tornaria ainda mais agressiva.

Em resposta, Nasser Kanaani, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã classificou as eventuais sanções como “ilegais”, “irresponsáveis” e “não construtivas”. E destacou que “o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica é a instituição militar oficial da República Islâmica”.

Encarregada de proteger o sistema político islâmico iraniano, a IRGC, popularmente conhecida como Guarda Revolucionária Iraniana, também gerencia um lucrativo império empresarial que se espalha por praticamente todos os setores da economia do país.

EUA, Bahrein, Arábia Saudita e Canadá já haviam designado a IRGC como uma organização terrorista.

Manifestantes mortos

No início de outubro, a ONG Human Rights Watch (HRW) publicou um relatório que classifica o regime iraniano como “corrupto e autocrático”, denunciando uma série de abusos cometidos pelas forças de segurança na repressão aos protestos populares.

De acordo com a ONG, em ao menos 13 cidades do Irã foram registrados casos de uso de força excessiva ou letal pelo governo. O relatório cita vídeos divulgados na internet que mostram agentes estatais usando rifles, espingardas e revólveres indiscriminadamente contra a multidão, “matando e ferindo centenas”.

Além dos mortos e feridos, a ONG destaca os casos de “centenas de ativistas, jornalistas e defensores de direitos humanos” que, mesmo de fora dos protestos, acabaram presos pelas autoridades. E cita também o corte dos serviços de internet, com plataformas de mídia social bloqueadas em todo o país desde o dia 21 de setembro, por ordem do Conselho de Segurança Nacional do Irã.

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