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quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Chifre da África enfrenta insegurança alimentar ‘catastrófica’, a pior em décadas, alerta OMS

A OMS (Organização Mundial da Saúde) alertou na terça-feira (2) para a situação catastrófica do Grande Chifre da África, que passa por uma das piores fomes dos últimos 70 anos. Mais de 37 milhões de pessoas enfrentam fome aguda, com aproximadamente sete milhões de crianças com menos de cinco anos de idade gravemente desnutridas na região.

Embora encontrar alimentos e água potável seja a prioridade absoluta, a OMS disse que é necessário igualmente garantir uma forte resposta a emergências de saúde para evitar doenças e mortes evitáveis. A agência da ONU pede US$ 123,7 milhões para responder às crescentes necessidades de saúde e evitar que uma crise alimentar se transforme em uma crise de saúde.

“A situação já é catastrófica, e precisamos agir agora”, disse Ibrahima Soce Fall, diretor-geral assistente da OMS para resposta a emergências. “Não podemos continuar nesta crise de subfinanciamento”.

Crianças refugiadas no Sudão do Sul, janeiro de 2014 (Foto: Oxfam East Africa/Geoff Pugh)

O Chifre da África inclui Djibuti, Somália, Sudão, Sudão do Sul, Etiópia, Uganda e Quênia. As mudanças climáticas, os conflitos, o aumento dos preços dos alimentos e a pandemia de Covid-19 agravaram uma das piores secas na região nas últimas décadas, de acordo com o apelo da OMS,

“Há agora quatro temporadas em que a chuva não veio como previsto, e estima-se que uma quinta temporada também falhe. Em lugares onde há seca, o problema continua piorando e piorando”, disse a gerente de incidentes da OMS Sophie Maes. “Em outros lugares, como o Sudão do Sul, houve três anos de inundações consecutivas, com quase 40% do país sendo inundado. E estamos olhando para algo que vai piorar no futuro próximo”.

Mais de 37 milhões de pessoas na região devem atingir o terceiro nível da escala de Classificação Integrada de Fase de Segurança Alimentar (IPC3) ou superior nos próximos meses. Isso significa que a população está em crise e apenas marginalmente capaz de atender às necessidades alimentares mínimas, esgotando os bens essenciais de subsistência ou por meio de estratégias de enfrentamento da crise.

Migração e doenças

Os efeitos da seca são particularmente severos no leste e sul da Etiópia, leste e norte do Quênia e sul e centro da Somália. A insegurança alimentar no Sudão do Sul atingiu os níveis mais extremos desde a independência em 2011, com 8,3 milhões de pessoas, representando 75% da população, enfrentando grave insegurança alimentar.

A desnutrição aguda leva ao aumento da migração à medida que as populações se deslocam em busca de alimentos e pastagens, segundo a OMS. E as interrupções geralmente resultam na deterioração da higiene e do saneamento, pois os surtos de doenças infecciosas, como cólera, sarampo e malária, já estão aumentando.

Além disso, a fraca cobertura de vacinação e os serviços de saúde com recursos insuficientes podem levar a um aumento generalizado do número de surtos de doenças. Já o cuidado de crianças gravemente desnutridas com complicações médicas será severamente impactado e resultará em altas taxas de mortalidade infantil.

As interrupções no acesso aos cuidados de saúde podem aumentar ainda mais a morbidade e a mortalidade, pois as condições de emergência forçam as populações a modificar seu comportamento de busca de saúde e priorizar o acesso a recursos que salvam vidas, como alimentos e água.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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