O oposicionista Alexei Navalny, principal rival doméstico do presidente da Rússia, Vladimir Putin, responderá a novas acusações. Ele próprio relatou a novidade através de seu perfil no Twitter, que é alimentado por aliados enquanto o político segue preso. Ao fazer o anúncio, não perdeu a chance de fazer piada com o líder russo.
“Acontece que criei um grupo extremista para incitar o ódio contra funcionários e oligarcas. E, quando me colocaram na cadeia, eu ousei ficar descontente com isso (bobo, eu) e convoquei comícios“, disse ele em um dos posts.
3/6 It turns out that I created an extremist group in order to incite hatred towards officials and oligarchs. And when they put me in jail, I dared to be disgruntled about it (silly me) and called for rallies.
— Alexey Navalny (@navalny) May 31, 2022
For that, they're supposed to add up to 15 more years to my sentence.
O “grupo extremista” citado por Navalny e que motivou a nova denúncia da Justiça é a extinta Fundação Anticorrupção (FBK) criada por ele, que tinha como uma das missões expor a corrupção nos mais altos escalões do governo Putin.
Ainda de acordo com o oposicionista, a pena prevista para as acusações mais recentes é de 15 anos de detenção, que se somariam aos nove anos impostos em condenação recente. No dia 22 de março, ele foi julgado e condenado por peculato e acusações de desacato.
“Talvez Putin não me odeie, talvez ele me adore secretamente. É por isso que ele quer que eu fique escondido em um bunker subterrâneo, guardado por pessoas confiáveis, assim como ele”, ironizou Navalny ao longo da sequência de publicações. “De que outra forma posso explicar o fato de que nem oito dias se passaram desde que minha sentença de alta segurança de nove anos entrou em vigor, e hoje o investigador apareceu novamente e me acusou formalmente de um novo caso”.
A guerra na Ucrânia também foi tratada com certo humor pelo político. Particularmente, a possibilidade de o conflito se tornar nuclear, ameaça frequentemente feita pelo governo russo em meio ao suporte que a Otan (organização do Tratado do Atlântico Norte) tem dado a Kiev.
“Meus pais vieram aqui para uma visita e moram em uma pequena cidade militar. Então, é claro, brincamos que, quando Putin começar uma guerra nuclear, eles receberão um dos primeiros mísseis. E eu estou tendo o melhor momento da minha vida – quem vai bombardear uma prisão no meio de um pântano?”, disse ele. “Então, quando o concreto começar a derreter lá fora, vou simplesmente assistir a um pôr do sol particularmente bonito do pátio da prisão. Obrigado por isso, Putin”.
Por que isso importa?
Navalny ganhou destaque ao organizar manifestações e concorrer a cargos públicos na Rússia. A principal plataforma do oposicionista é o combate à corrupção no governo de Vladimir Putin, em virtude da qual ele uma cobra profunda reforma na estrutura política do país.
Em agosto de 2020, durante viagem à Sibéria, Navalny foi envenenado e passou meses se recuperando em Berlim. Ele voltou a Moscou em 17 de janeiro de 2021 e foi detido ainda no aeroporto. Um mês depois, foi julgado e condenado a dois anos e meio de prisão por violar uma sentença suspensa de 2014, sob acusação de fraude. Promotores alegaram que ele não se apresentou regularmente à polícia em 2020, justamente quando estava em coma pela dose tóxica.
Encarcerado em uma colônia penal de alta segurança, ele chegou a fazer uma greve de fome de 23 dias em abril de 2021, para protestar contra a falta de atendimento médico. Depois, em junho, um tribunal russo proibiu os escritórios regionais de Navalny e sua fundação, a FBK, de funcionarem, classificando-os como “extremistas”.
Em janeiro deste ano, ele foi incluído na lista de “terroristas e extremistas” do Serviço Federal de Monitoramento Financeiro da Rússia. No dia 22 de março, foi julgado por peculato e desacato. Condenado, teve o tempo de detenção ampliado para nove anos.
Os mortos de Putin
Desde que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com inúmeros eventos, que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia.
Na conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso, ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a invasão à Ucrânia que colocou o mundo em alerta.
A Referência organizou alguns dos principais incidentes associados ao líder russo. Relembre os casos.
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