Os parlamentares russos Leonid Vasyukevich e Gennady Shulga foram expulsos do Partido Comunista e declarados traidores após pedirem o fim da guerra na Ucrânia durante reunião da assembleia legislativa, na última sexta-feira (27). O incidente ocorreu na região de Primorsky, no extremo leste da Rússia. As informações são da revista Newsweek.
Vasyukevich pediu ao presidente Vladimir Putin para cessar os ataques e retirar imediatamente suas tropas do país vizinho. O político declarou que falava em nome de três correligionários comunistas: Shulga, Natalya Kochugova e Aleksandr Sustov. A atitude foi uma rara demonstração de contrariedade à incursão militar, iniciada no dia 24 de fevereiro.
“Entendemos que, se não interrompermos a operação militar, haverá ainda mais órfãos em nosso país”, disse Vasyukevich durante a sessão, acrescentando que o conflito está tirando a vida de jovens que poderiam trazer benefícios ao país ou deixando-os incapacitados.
Um vídeo publicado no Twitter mostra o momento da reunião em que os deputados da região de Primorsky exigiram a interrupção da chamada “operação militar especial”.
Депутаты Приморского края потребовали прекратить “спецоперацию” в Украине. Депутат от фракции КПРФ Леонид Васюкевич во время заседания от лица четырех коллег зачитал обращение к президенту с требованием немедленного вывода войск с территории Украины.#Нетвойне #украина #россия pic.twitter.com/oZtvTMLSuo
— Activatica (@Activatica) May 27, 2022
Após a fala, o governador de Primorsky, Oleg Kozhemyako, acusou Vasyukevich de “traidor”. Segundo a agência independente de notícias russa MediaZona, o deputado e o colega Shulga foram escoltados para fora da assembleia e tiveram o direito de votar negado na sessão.
O comportamento de Vasyukevich e Shulga gerou expulsão sob a justificativa de que eles teriam “desacreditado o partido”, declarou ao jornal estatal Kommersant o líder comunista da assembleia de Primorsky, Anatoly Dolgachev.
‘Cadáveres políticos’
A expulsão de Vasyukevich e Shulga foi definida em votação unânime. “Eles não têm lugar em nossas fileiras. Eles agora são cadáveres políticos sem aperto de mão para nós”, disse Dolgachev.
O gesto do Partido Comunista está em sintonia com a narrativa do Kremlin sobre a “desnazificação da Ucrânia” e o resgate de moradores das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Luhansk, supostamente vítimas de um “genocídio” cometido pela Ucrânia. Diante disso, Vasyukevich e Shulga “traíram seus eleitores” e serão submetidos a “medidas duras”, alega a liderança local.
Vsevolod Romanov, presidente do comitê de regulamentação e ética dos deputados da Assembleia Legislativa de Primorsky, disse que Vasyukevich fez uma declaração “que não podemos apoiar”. Na visão dele, o parlamentar e seu colega “violaram grosseiramente os regulamentos, desviando-se das questões de discussão da agenda”.
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