Um relatório divulgado nesta quarta-feira (4) pela ONU (Organização das Nações Unidas) mostra que a instabilidade aumentou na República Centro-Africana nos últimos 12 meses. A ação violenta de grupos armados tem sido respondida pelas forças de segurança com frequentes incursões militares para retomar território. Nesse cenário, o documento aponta um aumento no desrespeito aos direitos humanos.
O relatório foi elaborado sob o contexto das eleições presidenciais, ocorridas em dezembro de 2020, e das eleições legislativas, ocorridas no mesmo período e, depois, em março e maio deste ano. A missão de paz da ONU no país documentou 526 incidentes de abusos e violações, que afetaram pelo menos 1,2 mil vítimas, incluindo 144 civis e combatentes que acabaram morrendo.
Além dos assassinatos, ocorreram também casos de tortura e de tratamento cruel, detenções arbitrárias, uso desproporcional da força, violência sexual e sérias violações aos direitos das crianças, como menores de idade sendo recrutados para o combate.
Sequestros e tortura
O relatório nota que, com os ataques e as ameaças, milhares de civis se viram forçados a abandonar suas casas. Uma coalisão de grupos armados, conhecida como CPC (Coalisão dos Patriotas por Mudanças), foi responsável por metade dos incidentes registrados.
O grupo “matou e sequestrou civis, atacou soldados de paz da ONU, invadiu escritórios de organizações humanitárias, ameaçou funcionários e incendiou centros de votação.
No dia 19 de março, por exemplo, um grupo armado afiliado ao CPC matou três eleitores na província de Ouaka. Os corpos foram encontrados com os cartões eleitorais amarrados nos pescoços das vítimas.
As Forças Armadas da República Centro-Africana e Forças de Segurança Interna, incluindo instrutores militares russos, foram responsáveis por 46% das violações.
A divisão de direitos humanos da Minusca também confirma aumento dos ataques contra muçulmanos. Até as forças de paz da Missão da ONU no país foram alvo de cerca de 20 ataques, cometidos tantos pelos grupos armados como pelos militares.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News
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