Um cidadão russo chegou ao Japão, onde pede asilo político, após se aventurar de bote nas águas do arquipélago das Ilhas Curilas, disputadas por ambos os países. De acordo com reportagens da mídia japonesa, relatadas pela Radio Free Europe, ele deixou a ilha de Kunashir, administrada pela Rússia, no dia 17 de agosto, até ser detido pela guarda de fronteira japonesa perto da ilha de Hokkaido, no extremo norte.
O homem, de 40 anos, fez parte da travessia de 20 quilômetros em uma embarcação de borracha, e o restante, a nado, usando um traje de mergulho. Ele não teve a identidade revelada.
Segundo relatório das autoridades do Japão, o russo foi levado a um centro de imigração na cidade de Sapporo, onde aguarda para saber se terá o asilo concedido ou será deportado de volta ao país de origem.
Autoridades do Consulado Geral da Rússia em Sapporo informaram que as autoridades japonesas não forneceram detalhes sobre a situação.
“Apesar dos novos detalhes sobre o incidente que aparecem na mídia japonesa com referência às suas fontes na polícia, as entidades oficiais do Japão se recusam a nos fornecer informações oficiais”, escreveu o consulado em um post no Facebook.
A imprensa russa relata que o homem se mudou da região central de Udmúrtia para Kunashir – uma das ilhas Curilas administradas por Moscou e reivindicadas por Tóquio – há três anos, por meio do programa estatal de fornecimento de terras gratuitas aos cidadãos no Extremo Oriente.
Autoridades locais disseram que ele trabalhava como motorista de trator e carregador de carga. Na casa dele, a polícia russa encontrou pôsteres japoneses decorando as paredes. “Ele amava a cultura japonesa”, relataram os oficiais.
Não está claro se o homem é um ativista político, civil ou de direitos humanos.
Nos últimos anos, muitos políticos, ativistas, jornalistas e defensores de direitos da oposição fugiram da Rússia para a Europa ou os Estados Unidos em meio à crescente campanha de repressão do Kremlin para silenciar seus opositores.
Por que isso importa?
No fim da Segunda Guerra Mundial, a União Soviética tomou as Ilhas Curilas do Japão, que continua a reivindicar direitos territoriais. A questão das quatro ilhas vulcânicas do sul do arquipélago, chamadas de Territórios do Norte pelos japoneses, impediu que os dois países assinassem um tratado de paz e dificulta sua reaproximação econômica nos últimos anos.
Tóquio não reconhece a soberania russa sobre quatro ilhas vulcânicas do arquipélago das Curilas. Décadas de esforços diplomáticos para negociar um acordo não conseguiram solucionar o impasse.
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