Em relatório trimestral divulgado nesta segunda-feira (30), a Minusma (Missão de Estabilização Integrada Multidimensional da ONU) manifestou preocupação com a crescente violência resultante do avanço de grupos rebeldes para o sul do Mali.
No documento referente aos meses de abril, maio e junho, a divisão de direitos humanos da Minusma apontou também que através dos “ditos acordos de não-agressão ou reconciliação”, os rebeldes estão a impor a sua visão extrema das leis do Islã em determinadas áreas do centro do país.
“Entre abril e junho, pelo menos 527 civis foram mortos, feridos ou raptados, um aumento global de mais de 25% em comparação com o primeiro trimestre (421)”, sendo a maior parte no centro do país, de acordo com o relatório.
O texto ainda ponta que a maioria dos incidentes violentos contra civis foi perpetrada pela coalizão Jama’at Nusrat al-Islam wal-Muslimin (que integra as principais organizações jihadistas na região do Sahel), o Estado Islâmico no Grande Saara (EI-GS) e outros grupos semelhantes, que mataram, feriram ou raptaram 54% de as vítimas registradas em todo o país.
Por outro lado, milícias e grupos comunitários de resistência são responsáveis por 20% dos abusos. Já o Exército maliano e as forças internacionais são responsáveis por 9% e 6%, respetivamente, do número total de abusos contra civis, revela o estudo.
Segundo a agência France-Presse (AFP), em notícia repercutida no portal português Noticias ao Minuto, o levantamento da Minusma ainda registrou 156 raptos atribuídos a ‘jihadistas’, visando em particular “pessoas consideradas ou suspeitas de serem informadores ou próximos das forças malianas e/ou internacionais”.
O documento alertou que o domínio territorial do GSIM “aumentou no centro do Mali, com uma notável mudança nas suas atividades em Ségou e Sikasso, junto à fronteira com o Burkina Faso“.
Impostos e assédio
Os habitantes das zonas controladas por estes grupos ou que tenham celebrado acordos com estes “sofreram certamente menos ataques físicos”, mas estão sujeitos ao pagamento de um “imposto sobre o gado, empresas e culturas” e as mulheres e raparigas têm a obrigação de utilizarem um véu, sob pena de serem açoitadas, acrescentou o documento da ONU (Organização das Nações Unidas).
Crise também é política
Os confrontos recentes ainda acontecem em meio ao processo de redução das tropas francesas do oeste do Sahel africano, por ordem do presidente Emmanuel Macron. A Operação Barkhane teve início em 2013, e desde então 55 soldados franceses morreram em combate ou ataques terroristas. Atualmente, 5,1 mil militares do país estão ativos por lá.
Especialistas e políticos ocidentais enxergam uma geopolítica delicada na região, devido ao aumento constante da influência de grupos jihadistas. Além disso, trata-se de uma posição importante para traficantes de armas e pessoas. A retirada das tropas de Macron tende a aumentar a violência.
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