A menos de um mês das eleições parlamentares e com seu principal aliado, o partido Rússia Unida, cada vez mais desprestigiado, o presidente Vladimir Putin vem sendo acusado de tentar comprar votos. A estratégia é usar fundos federais para criar programas de benefícios financeiros a favor de determinadas categorias, segundo a Radio Free Europe.
Durante um evento no último domingo (22), ele teria dito que “um aumento de mil rublos (R$ 70,9) na pensão não é o suficiente. Eu proponho que paguemos aos pensionistas neste ano, adicionalmente, um bônus de 10 mil rublos (R$ 709)”.
O presidente também direcionou a militares e policiais o seu pacote de benefícios. A sugestão seria pagar um bônus de 15 mil rublos (R$ 1,06 mil) a todos os membros das duas categorias, independentemente da patente.
Os pagamentos, porém, não seriam feitos agora, e sim depois da eleição. Caberia, portanto, ao próximo governo arcar com a despesa, que chegaria a 15 bilhões de rublos (R$ 35,4 bilhões).
“Esta é uma tentativa do presidente Putin de salvar de alguma forma o índice de queda do Rússia Unida, de corrigir sua imagem negativa, que se desenvolveu por causa do trabalho da Duma (Parlamento) estatal nos últimos anos após o aumento da idade de aposentadoria”, disse Aleksandr Gnezdilov, membro do partido liberal Yabloko.
Embora não seja membro do Rússia Unida, Putin tem nele o mais forte aliado no governo, pois o partido habitualmente aprova os projetos do mandatário. E, com 336 dos 450 lugares disponíveis na Câmara, uma vitória da sigla no pleito parlamentar que ocorre entre 17 e 19 de setembro é fundamental para sustentar o governo.
Por que isso importa?
Duas pesquisas recentes mostram que o partido tem apoio de não mais do que 30% dos entrevistados. É a mais baixa taxa de aprovação desde 2006, muito graças à reforma previdenciária que aumentou as idades de aposentadoria no país. Também pesa a manobra política que deu ao presidente a possibilidade de estender seu mandato até 2036.
E o agrado a pensionistas e militares se justifica também nos números. Somados, os dois grupos representam cerca de 40% do eleitorado, uma fatia crucial para manter o controle da Câmara. E sustentar o governo Putin.
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