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quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Aliada de Navalny reaparece após informação de que teria deixado a Rússia

Lyubov Sobol, importante aliada do oposicionista russo Alexei Navalny, reapareceu depois das especulações de que teria deixado a Rússia. Nesta quinta-feira (26), ela postou uma foto nas redes sociais em que aparece com um curativo no nariz e os olhos inchados, sem dizer onde foi feita a imagem.

Junto com a foto, Sobol explicou que havia passado por uma cirurgia. “Não se preocupe. Agora meus olhos não estão mais tão inchados e minha pele está perdendo lentamente sua tonalidade lilás-azulada. Fiz uma operação bastante complicada no nariz, que durou quatro horas sob anestesia geral, que eu ia fazer antes mesmo da prisão domiciliar e antes mesmo do envenenamento de Navalny”.

De acordo com a Radio Free Europe, o médico que teria realizado a cirurgia é “Armen Veranyan, um cirurgião plástico com um número de celular armênio em sua página do Instagram. O advogado de Sobol, Vladimir Voronin, disse não saber se ela estava na Armênia”.

No início do mês, o advogado havia dito que Sobol “deixou temporariamente a Rússia. Talvez ela descanse por uma semana e volte”. De acordo com o jornal independente Moscow Times, ela teria ido para Istambul, na Turquia, num voo que partiu de Moscou e fez escala em um local não informado.

Sobol foi condenada a um ano e meio de prisão domiciliar, acusada de incitar pessoas a violarem os protocolos contra a Covid-19. A infração, que as autoridades classificam como “caso sanitário”, teria sido cometida nos protestos em massa de janeiro que pediam a libertação de Navalny.

Aliada de Navalny reaparece após informação de que teria deixado a Rússia
Lyubov Sobol após realizar cirurgia no nariz, em foto que ela postou no Instagram em 26 de agosto (Foto: instagram.com/sobollubov)

Casos anteriores

Outras pessoas próximas a Navalny foram punidas sob acusações ligadas aos protestos de janeiro deste ano.

Primeiro, Nikolai Lyaskin pegou um ano de “liberdade restrita”. Posteriormente, a mesma punição foi imposta à advogada Lyubov Sobol, que deixou o país pouco depois de tomar conhecimento da sentença. Os casos mais recentes foram os de Kira Yarmysh, porta-voz do oposicionista, Oleg Stepanov, coordenador da equipe de Navalny, ambos sentenciados a um ano e meio. Lyusya Shtein, deputada municipal e integrante do grupo feminista Pussy Riot, também pegou um ano.

A sentença de Oleg Navalny, irmão de Alexei, foi diferente. Ele foi condenado a um ano de prisão, com a pena suspensa pelo período probatório de um ano.

A pena de “liberdade restrita” é uma espécie de prisão domiciliar e passa a valer dez dias após o veredito. Ela obriga o réu a permanecer em casa no período entre 22h e 6h, bem como proíbe a presença em manifestações e as viagens ao exterior. O indivíduo também deve se apresentar à polícia regularmente.

Aliada de Navalny, integrante do Pussy Riot é condenada pela Justiça da Rússia
Kira Yarmysh, porta-voz de Alexei Navalny condenada a “liberdade restrita” (Foto: Wikimedia Commons)

Oposição silenciada

No final de julho, o governo bloqueou 49 sites ligados a Navalny. O Roskomnadzor, órgão regulador da internet e dos meios de comunicação, tirou do ar a página navalny.com e outras 48 pertencentes a pessoas e organizações ligadas ao opositor, declaradas pela Justiça como “extremistas”.

Além da perseguição direta a Navalny e a seus aliados, o Kremlin tem atuado para silenciar a imprensa independente. Ainda no mês passado, a polícia prendeu o jornalista que investigou o envenenamento de Navalny em parceria com o site investigativo holandês Bellingcat. Roman Dobrokhotov, editor-chefe do The Insider, foi detido por calúnia após a publicação de reportagens desfavoráveis a Putin. 

Por que isso importa?

Alexei Navalny é o principal crítico do governo Putin. Ele está preso desde janeiro, quando retornou da Alemanha após cinco meses de recuperação médica. O opositor foi vítima de uma tentativa de envenenamento por novichok em 20 de agosto, quando retornava da Sibéria.

Em fevereiro, um tribunal o condenou a dois anos e meio de prisão por violar uma sentença suspensa de 2014, quando foi acusado de fraude. Promotores alegaram que ele não se apresentou regularmente à polícia em 2020 – enquanto estava em coma pela dose tóxica.

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