Em meio à severa repressão fundamentada em interpretações extremas do Islã, o Taleban proibiu a música ao vivo no Afeganistão, de acordo com o jornal norte-americano The New York Times.
O porta-voz da organização extremista, Zabihullah Mujahid, disse que apresentações musicais não serão mais permitidas ao público no país. A medida remonta ao regime vigente no período de 1996 a 2001, quando os militantes estavam no poder antes da chegada das tropas dos Estados Unidos.
“Mas esperamos poder persuadir as pessoas a não fazerem tais coisas, em vez de pressioná-las”, acrescentou Mujahid, argumentando que o Islã proíbe a música ao vivo.
Por outro lado, críticos do grupo extremista argumentam que essa é apenas uma interpretação radical do Taleban.
Um dos impactos culturais mais significativos desde que a organização voltou ao poder foi o fechamento do Instituto Nacional de Música do Afeganistão, fundado em 2010. Com medo de perseguição, alguns estudantes chegaram a devolver seus instrumentos. O presente da escola é o silêncio, enquanto o futuro permanece incerto.
Também há relatos de que os músicos afegãos, receosos da proibição de suas atividades, estão queimando ou escondendo seus instrumentos.
Música “pecaminosa”
De acordo com a Lei do Taleban, há exceções limitadas em relação à música que inclui canções islâmicas.
Quando o regime assumiu em 1996, os instrumentos musicais foram destruídos, assim como registros sonoros. O Taleban via a música como pecaminosa, e os músicos foram alvo de perseguições, muitos sendo forçados a se esconder. Agora, o passado se repete.
Por que isso importa?
Os afegãos sofrem cada vez mais privações de liberdade desde que os insurgentes da organização jihadista avançaram às grandes cidades e assumiram o controle da capital, Cabul. A repressão e a violência levantam dúvidas sobre a prometida liberdade de expressão anunciada pelo Taleban ao tomar o poder central do país.
A situação tem sido particularmente devastadora para as mulheres. Entre as imposições que voltaram a viger estão a proibição de mulheres saírem de casa desacompanhadas, o veto à educação em escolas e ao trabalho e inúmeros casos de mulheres solteiras ou viúvas forçadas a se casar com combatentes.
Quem não cumpre as regras sofre com as consequências. As punições incluem espancamentos públicos, outro antigo meio de repressão dos fundamentalistas. Para lembrar as afegãs de suas obrigações, os militantes ergueram cartazes em algumas áreas para informar os moradores sobre as novas (velhas) regras. Em partes do país, as lojas estão proibidas de vender mercadorias a mulheres desacompanhadas.
Em determinadas áreas, a educação é permitida para meninas somente até a quarta série. A perseguição também ocorre com homens, que são proibidos de aparar as barbas e têm a obrigação de orar cinco vezes por dia. Ouvir música e assistir à televisão também são atividades expressamente proibidas.
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