Dados da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) apontam que dez milhões de crianças precisam receber assistência humanitária no Afeganistão para sobreviver. Em comunicado divulgado nesta segunda-feira, Henrietta Fore, chefe do órgao, afirmou ainda que um milhão de menores poderão sofrer de desnutrição severa neste ano, com o risco de morrerem se não receberem apoio.
A chefe do Unicef chama a atenção para outros números do conflito no Afeganistão, que levou o Taleban ao poder após derrotar o governo nacional: 4,2 milhões de crianças estão fora da escola, sendo metade meninas, e cerca de 435 mil mulheres e crianças estão vivendo como deslocadas internas.
Para Henrietta Fore, “esta é a realidade sombria das crianças afegãs e continuará assim, independentemente da situação política e das mudanças de governo”. O Unicef prevê que, nos próximos meses, as necessidades das mulheres e dos menores de idade irão aumentar ainda mais devido à seca, à falta de água potável e das consequências da Covid-19.
A diretora-geral reafirma o compromisso da agência em continuar no país, trabalhando em prol das crianças e tentando entregar vacinas, garantir abrigo, água potável e serviços de saneamento e de nutrição. O Unicef atua no Afeganistão há 65 anos.
Henrietta Fore faz um apelo ao Taleban para garantir que Unicef e parceiros humanitários tenham acesso livre e seguro para poderem entregar assistência a todas as crianças do país.
No domingo, a agência e a OMS (Organização Mundial da Saúde) fizeram um apelo conjunto por acesso imediato para a entrada de medicamentos e de outros suprimentos vitais a milhões de afegãos. Nos últimos dois meses, mais 300 mil pessoas ficaram desalojadas.
Problemas no aeroporto
O Unicef e a OMS lembram que, mesmo antes de o Taleban conquistar o país, o Afeganistão já representava a terceira maior operação humanitária do mundo, com mais de 18 milhões de pessoas precisando de assistência.
As duas agências estão comprometidas em continuar no país e fornecer ajuda aos civis, mas lembram que nenhum voo comercial está autorizado a aterrissar na capital Cabul.
Com isso, Unicef e OMS não têm como fazer entrar suprimentos e pedem o estabelecimento imediato de uma ponte aérea humanitária, para “acesso desimpedido de ajuda ao Afeganistão.
Junto com a ONU (Organização das Nações Unidas) e parceiros internacionais, as agências estão avaliando outras opções para o envio dos suprimentos. O Unicef e a OMS lembram que conflito, deslocamentos, temporada de secas e a pandemia do novo coronavírus “estão contribuindo para uma situação complexa e de desespero no Afeganistão.”
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News
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