Vinte anos após a chegada das primeiras tropas, militares norte-americanos e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) deixaram definitivamente a base militar de Bagram, no Afeganistão, nesta sexta-feira (2). Para o Taleban, a retirada é vista como um “passo positivo”, segundo a rede CNN.
“A presença de forças estrangeiras no Afeganistão foi um motivo para a continuação dos combates no país”, disse Zabiullah Mojahid, porta-voz do Taleban. “Se as forças estrangeiras deixarem o Afeganistão, os afegãos poderão decidir questões futuras entre si. Daremos um passo adiante para a segurança do país, e nossa esperança de paz aumentará”, declarou.
Apesar da “paz” citada pelos jihadistas, as forças nacionais, com a retirada das tropas dos EUA, têm perdido terreno para e recentemente adotaram uma nova estratégia: armar a população civil para aumentar o efetivo. Em abril, dois membros da Al-Qaeda haviam garantido que a guerra contra os EUA “continuará em todas as frentes”.
Saída de Bagram
O fim da presença dos EUA em Bagram, que se tornou o centro do poder militar do país no Oriente Médio, foi marcado pela entrega da base aérea ao governo afegão em uma cerimônia no sábado (3). A estrutura, que fica ao norte de Cabul, chegou a abrigar mais de 100 mil soldados no auge de suas atividades. Com o esvaziamento, saques foram registrados no local, principalmente furtos de computadores.
O presidente dos EUA, Joe Biden, em coletiva de imprensa na Casa Branca, disse que a retirada dos EUA está “no caminho certo”, mas que algumas forças americanas ainda permanecerão no Afeganistão em setembro como parte de uma “redução racional [das tropas]”.
Ao longo de 20 anos, a base foi alvo de inúmeros ataques do Taleban, incluindo atentados suicidas à bomba e ataques com mísseis. Na opinião de analistas da CNN, “no fim, não foi a violência que levou à saída dos EUA, mas a diplomacia”. Ela cita que o Acordo de Doha, assinado entre a administração Trump e o Taleban no Qatar, em fevereiro de 2020, sinalizou o início do fim.
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