A realização de três referendos em 28 de agosto pode afetar as relações entre Taiwan e os EUA, registrou a Reuters. A comissão eleitoral da ilha aprovou as votações nesta sexta (14).
Duas questões são mais controversas. A primeira é se o território deve proibir a carne suína com a substância ractopamina – um aditivo de aumento de magreza, proibido na UE (União Europeia) e na China, mas amplamente usada nos EUA.
O governo taiwanês aprovou o uso no ano passado apesar das objeções sobre segurança. Desde então, as principais empresas alimentícias de Taiwan se comprometeram a não vender ou importar carne suína com ractopamina.
A segunda questão diz respeito à mudança do local de um novo terminal de gás natural para proteger o ambiente marítimo. O referendo questiona se deve realocar, ou não, a estrutura de um local que afeta um recife de algas ao norte do território.
A votação também questionará a realização dos referendos no mesmo dia das eleições gerais de Taiwan. A mudança contribuiria para um maior comparecimento, diz o governo. No último referendo, em 2018, apenas 25% dos 19 milhões de eleitores votaram.
À época, a maioria rejeitou o casamento entre homossexuais. Ainda assim, a Suprema Corte de Taiwan decidiu, mais tarde, que pessoas do mesmo sexo tinham o direito legal de se casar.
Os eleitores ainda devem votar uma última pauta em 28 de agosto, conforme prerrogativa aprovada anteriormente. O governo questiona se deve continuar construindo uma quarta usina nuclear paralisada. Taipé já deixou claro que busca descontinuar a energia nuclear na ilha.
Taiwan e EUA
A crescente disputa com Beijing, que defende Taiwan como parte inseparável de seu território, fez com que os EUA se voltasse para Taipé com maior evidência a partir do governo de Donald Trump, em 2018, apontou o think tank Council of Foreign Relations.
Sob o republicano, Washington aprofundou os laços com a ilha apesar das objeções chinesas e vendeu mais de US$ 18 bilhões em armas aos militares do território. Até o início de 2021, o ex-presidente enviou vários altos funcionários para Taipé e eliminou as restrições que regiam as relações com os taiwaneses.
Desde então, EUA e Taiwan buscam um acordo de livre-comércio – medida que parece ter sido adotada após a posse de Joe Biden. O democrata defende que funcionários de Washington se encontrem com o governo da ilha asiática e alimenta as tratativas para concluir as negociações.
A aproximação não serve como uma mera provocação à China: os EUA ganham em ter Taiwan como aliado, uma vez que dependem do território na produção de chips semicondutores – um material essencial a eletrônicos e automóveis em escassez devido à pandemia.
As empresas taiwanesas produzem mais de 60% da receita gerada por todos os fabricantes mundiais de semicondutores em 2020. A China também depende dos chips taiwaneses, embora não tanto quanto os norte-americanos.
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