Este conteúdo foi publicado originalmente no portal ONUNews, da Organização das Nações Unidas
A Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) afirmou que os danos socioeconômicos causados pela pandemia geraram um atraso de várias décadas no mercado da cultura e das artes em todo o mundo.
Uma pesquisa divulgada pela agência no Brasil em abril revelou que 87% dos eventos culturais foram cancelados no primeiro semestre de 2020 quando 39% dos profissionais e produtores migraram para a internet para continuar com suas apresentações.
Para garantir o acesso de todos à cultura e à sobrevivência dos profissionais, a Unesco lançou, logo após o início da pandemia: a iniciativa ResiliArt.
A ONU News conversou com o produtor musical João Marcello Bôscoli, de São Paulo. Ele é sócio da gravadora Trama, que trabalha com todos os gêneros musicais e já lançou milhares de títulos. Para Bôscoli, existe sim uma luz no fim do túnel para uma recuperação do mercado, mas ela só deve despontar em 2022.
Segundo ele, a perspectiva é que o setor volte a se aquecer após a vacinação. “É uma coisa ou outra”, disse. A retomada do ritmo pré-pandemia deve ser gradual, apontou Bôscoli. “As pessoas não querem o risco de reunir ali, 20%, 30% daquela capacidade possível de espectadores e isso pode ser uma fonte geradora de contaminação”.
Acesso
Em 15 de abril, Dia Mundial da Arte, a Unesco realizou um debate com profissionais do setor e apresentou uma pesquisa de opinião com artistas no Brasil. Realizada entre julho e setembro do ano passado, em todo o país, o levantamento analisou o impacto dos danos sofridos.
João Marcello Bôscoli acredita que ainda é cedo para calcular o tamanho real da crise na música. “Essa imagem que o mundo da música tem de serem pessoas felizes, que trabalham com o que gostam, de ser algo lúdico, divertido e tal, tira um pouco a percepção das pessoas, da profundidade da crise, que de fato, existe”.
Pelo menos 55% dos entrevistados eram profissionais autônomos. A maioria viu 100% de sua renda desaparecer com a suspensão de shows e eventos. Para muitos, esta é a única renda obtida pela família. As mulheres formavam a maioria dos profissionais ouvidos pela pesquisa.
Streaming
O levantamento indicou ainda que mais de 40% dos contratos e serviços de música foram encerrados por causa da pandemia. Durante a crise, houve um aumento de serviços de streaming, banda larga e promoção digital. Ainda relevante, os serviços de streaming tiveram pouca aderência no setor cultural como um todo.
Quase a metade dos participantes informaram terem reduzido totalmente a compra de insumos do setor de cultura por causa da crise. Mais de 42% registraram a eliminação total de sua mão de obra no primeiro semestre da pandemia.
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