A alta velocidade e o tamanho do leme foram os principais motivos para o navio porta-contêiner Ever Given encalhar e bloquear o Canal de Suez, disse o presidente do órgão que gerencia a passagem, Osama Rabie, nesta quinta (27).
A afirmação vem na esteira de uma disputa jurídica sobre a indenização pelos danos causados com o incidente. A disputa opõe o proprietário e as seguradoras da embarcação.
O navio ficou preso no canal por seis dias e interrompeu a passagem de 369 cargueiros. Mesmo desencalhado, o porta-contêineres está sem uso desde então, já que foi detido por ordem judicial.
Segundo Rabie, o capitão poderia ter segurado o navio para não entrar no canal durante a tempestade. “Ele conhece as capacidades [da embarcação] e por isso deveria negar a entrada, porque o tempo não estava adequado”, disse em entrevista à Reuters.
Rabie também alega que, antes de encalhar, o navio viajava a cerca de 25 quilômetros por hora – muito acima dos 9 km/h esperados para este tipo de embarcação na ala sul do canal, que tem 205 metros de largura. A velocidade dificultou a ajuda dos dois rebocadores que acompanhavam o Ever Given em 23 de março, data do encalhe.
“Essa velocidade era muito alta e o leme não estava alinhado”, afirmou Rabie. “Houve muitas falhas técnicas, como o fato do tamanho do leme não ser adequado ao tamanho do navio”.
Negociação
A equipe jurídica do proprietário japonês Shoei Kisen, porém, afirma que não identificou nenhuma falha no navio. Os advogados culpam a Autoridade do Canal por permitir a entrada do navio e não fornecer rebocadores logo nas primeiras horas do encalhe.
Os dirigentes do Canal de Suez pediram uma indenização de US$ 916 milhões pelo bloqueio, mas já reduziram o pedido para US$ 550 milhões a fim de liberar o navio. Shoei Kisen não comentou a negociação.
“Baixamos o nosso preço em cerca de 40% e dissemos que facilitaríamos as coisas para eles”, relatou Rabie. “Mas, honestamente, a oferta que fizeram não chega ao nível que estamos falando”.
A Autoridade do Canal de Suez alega ter sofrido perdas materiais e de reputação. Uma audiência sobre a questão está agendada para sábado (29). Tanto o Ever Given quanto sua carga devem ficar parados até a decisão do tribunal
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